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 | 28/09/2010 09h26min

Sociólogo alerta que sistema eleitoral contribui para que brasileiro esqueça em quem votou

Voto em lista ou distrital ajudariam no processo, diz Alberto Almeida

O número de eleitores indecisos na escolha de deputados estaduais e federais é grande no Rio Grande do Sul. Faltando poucos dias para o pleito, 60% dos eleitores do Estado (o que equivaleria a 4,86 milhões de pessoas) não escolheram candidatos para essas vagas, segundo pesquisa do Ibope. Conforme o sociólogo Alberto Almeida, autor dos livros A Cabeça do Brasileiro e A Cabeça do Eleitor, a indecisão para cargos legislativos é comum em todo o Brasil. Por outro lado, o sistema eleitoral brasileiro contribui para isso e também para o eleitor esquecer em quem votou.

– Baseado em pesquisa, três meses após a eleição, 40% do eleitorado não sabe em quem votou. Isso acontece porque no nosso sistema o voto é proporcional e na pessoa. Existem sistemas em que o voto é proporcional, mas é no partido. E existem sistemas em que o voto é na pessoa, porém não é proporcional, é distrital. Assim é mais fácil se decidir antes – afirmou Almeida, diretor do Instituto Análise.

O pesquisador salientou que o voto distrital ou em lista facilitaria a escolha das pessoas:

– No nosso sistema proporcional é difícil mudar isso. Se o voto fosse no partido, muito mais gente teria decidido. O Brasil acompanha a Polônia. São os dois países em que o voto é proporcional e na pessoa – explicou.

O sociólogo comentou ainda o fato de candidatos que têm apelo da mídia, como o caso do humorista Tiririca. Segundo Alberto Almeida, o sistema colabora com essa situação.

– Serão eleitos 530 deputados e, se somarmos os votos de todos, o Tiririca terá um percentual mínimo nisso. Claro, agora dado o poder simbólico em torno dele, há uma mídia muito grande. Esse tipo de candidato não é novidade no Brasil. Agora, dificilmente o Tiririca estaria na frente se o voto fosse em lista ou partidário. O nosso sistema abre margem para isso – afirmou.

No caso do Ficha Limpa, o sociólogo salientou ainda que o Supremo Tribunal Federal perdeu uma oportunidade para atender a uma demanda antiga da sociedade: o controle mais rígido da corrupção.

– A mídia cumpre seu papel, denuncia. Mas falta às vezes a Justiça cumprir o papel dela. Temos a votação do Ficha Limpa pelo Supremo Tribunal Federal para que a lei possa valer já nessa eleição e eles não se decidiram. O Supremo deu as costas à sociedade ao fazer isso – enfatizou.

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