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 | 15/10/2009 08h26min

A Copa já tem favorita: é a Argentina ressuscitada

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br



Desde ontem, a Copa do Mundo da África do Sul tem uma nova favorita. E não é a armada espanhola cantada em prosa em versos na Europa, nem mesmo as sempre traiçoeiras Alemanha e Itália. Também não me refiro ao Brasil. A Seleção é sempre candidata, ainda mais agora, que Dunga convenceu os jogadores e a torcida das vantagens de marcar forte para sustentar o talento individual dos nossos craques. 
 

 

A nova favorita, e que favorita, é a Argentina. Como nas Eliminatórias para a Copa de 1986, a Argentina se classificou aos trancos e barrancos e voltou do México campeã. Vinte e quatro anos depois, Maradona é de novo protagonista.

Não sei se haverá Maradona na África. Ele será muito criticado mesmo depois da classificação épica na vitória por 1 a 0 sobre o Uruguai, em Montevidéu. Mas é evidente que os argentinos virão para a Copa com a valentia dos espartanos contra os persas. O sofrimento pela campanha trôpega, as humilhações (a goleada de seis na Bolívia), as piadas dos vizinhos de continente, as críticas internas, as desconfianças de toda espécie, tudo isso mexeu com o orgulho da terra da Mafalda, de Perón e de Gardel.

A classificação foi um tango passional. Pode-se dizer o que quiser de Maradona, cujo talento como treinador é mesmo discutível, mas a estrela dele brilhou de um jeito quase místico.

No auge da crise, apostou no veterano Palermo, já aposentado da seleção. Riram dele, mas foi Palermo quem garantiu a vitória nos acréscimos sobre o Peru, na penúltima rodada. Ontem, o gol salvador foi do volante Bolatti, convocado por Maradona para espanto de muita gente por vestir a camiseta do modesto Huracán. Bolatti entrou a 34 minutos do segundo tempo, no lugar do atacante Higuaín.

Nestes dois últimos jogos, a Argentina se uniu para formar um exército rumo à Copa.

Contra o Peru, parecia final de Copa do Mundo. A vitória foi comemorada com lágrimas nas arquibancadas do Monumental de Nuñez. Ontem, no Centenário, Maradona chorou, abraçado a Carlos Billardo. Os jogadores se abraçaram e pularam e se beijaram e giraram a camiseta no ar cantando os gritos de guerra da torcida. Vencer o Uruguai em Montevidéu já é duro, agora imagine valendo vaga em Copa do Mundo.

O mundo estava desabando sobre Maradona, mas a sua Argentina reagiu. Na torcida e nos jogadores, restou o sentimento de que paga caro quem desdenha da capacidade de superar adversidades dos hermanos.

O orgulho argentino está inflado. Eles entrarão em campo na África rilhando os dentos. Se entregarão em sacrifício ao pavilhão nacional para erguerem a taça. È o enredo ideal para o talento de Messi, de Tévez ou de Verón ressurgir na plenitude e fazer a diferença.

A Argentina, que estava morta e ressuscitou, é a nova favorita da Copa da África.

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