| 03/06/2009 04h14min
Quando o Inter entrar em campo no Couto Pereira, hoje à noite, vai encontrar um ambiente de catarse. A parte técnica, a escalação, o esquema tático, as questões práticas, como reverter o placar de 3 a 1 do Beira-Rio, tudo isso ficou em segundo plano. À frente de tudo está um enorme – e muito bem construído – clima emocional destinado a fazer do fator local o craque capaz de garantir vaga na final da Copa do Brasil. É o que espera o Inter a partir das 21h50min, contra o Coritiba.
Os jornais paranaenses, por exemplo. A rigor, não há cobertura do jogo em si. Fala-se mais no “Eu acredito”, a campanha veiculada pelo Coritiba usando Marcelinho Paraíba e Ariel como guerreiros espartanos antes da batalha heroica. Basta dar uma olhada
nos diários Gazeta do Povo e O Estado do
Paraná. Em vez de fotos do treino, saltam aos olhos as peças publicitárias do clube.
A torcida respondeu aos apelos. Ontem pela manhã, filas imensas esperavam a abertura das bilheterias para a venda dos últimos mil ingressos, às 10h. Por volta do meio-dia, tudo estava encerrado. Outro elemento decisivo na mobilização da torcida foi a questão do tratamento recebido pela torcida do Coritiba no Beira-Rio.
– Tem torcedor que liga e, quando a gente diz que não tem mais ingresso, nos chamam de timinho. Aí eu digo: “Espera que o Marcelinho Paraíba vem aí!” – responde a atendente Ana Carolina.
Só se fala em Marcelinho Paraíba em Curitiba, o rei do Alto da Glória
Só se fala nele em Curitiba. Marcelinho tem tratamento de luxo no Couto Pereira. No CT da Graciosa, Pereira, Cleiton e René Simões, tremendo de frio, atenderam aos repórteres com paciência. Marcelinho, não. Tomou banho e só depois deu entrevistas. Quando reclamou
do frio, assessores se mobilizaram para levá-lo até o banho
quente. Marcelinho é o rei do Alto da Glória.
Entre acusações paranaenses e defesas gaúchas, o técnico René Simões ganhou uma inesperada tranquilidade para trabalhar. A torcida até esqueceu o último lugar no Brasileirão e se dedicou a acreditar na façanha, como se verá pelo estádio lotado.
Até ontem, o site www.tambemvoujogarcontraointer.com.br contava 3,5 mil mensagens de apoio aos jogadores. Dez mil balões em verde e branco escreverão as iniciais CFC na arquibancada. Um texto denominado “Carta aos Heróis” foi entregue ontem sob forma de quadro após o treino no Centro de Treinamento da Graciosa.
Os jogadores, claro, foram tocados pelo ambiente. Deixaram as declarações politicamente corretas de lado e viraram um pouco torcedores.
– Vai ser guerra sim. E tem como ser de outro jeito? Vamos agredir o Inter desde o começo. Estamos em casa e aqui vai ser diferente – avisa o zagueiro Pereira,
ex-Grêmio.
– Digo e repito. Quanto mais o Inter ganha, mais perto está
de perder – alfineta René Simões.
A torcida do Inter ficará em área isolada no estádio, livre de violência
Apesar de toda a polêmica em torno do espaço da torcida adversária, o setor destinado aos colorados será amplo e espaçoso. Fica um pouco para o lado de uma das goleiras e abarca arquibancadas inferior e superior. Ali cabem 6 mil espectadores, mas só foram vendidos 3,4 mil ingressos por exigência da Polícia Militar. É uma área completamente isolada. Uma vez ali, o torcedor do Inter não terá contato de nenhuma espécie com os rivais. O setor é totalmente cercado. Haverá escolta da PM antes e depois da partida.
– Se algum colorado comprou ingresso na torcida do Coritiba por ter acabado os bilhetes visitantes, vamos retirá-lo do local com calma e levá-lo até o espaço certo. Há boatos que isso tenha acontecido. Estamos atentos – informa o coordenador de eventos do clube, Osvaldo Dietrich.
O certo é que, para
alcançar a final da Copa do Brasil, o Inter terá que passar pelo
ambiente de catarse coletiva e pelo gramado de péssimo estado do Couto Pereira. Porque este é o caldeirão que arderá no frio de zero grau previsto.
Descubra o segredo da defesa do Inter:
Próximo jogo
Quarta-feira, 03/06
Coritiba x Inter, Copa do Brasil
Horário: 21h50min
Local: Couto Pereira, em Curitiba
Transmissão: RBS TV
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