LOST

Depois que o último episódio foi ao ar, em 2010, Lost colecionou mais detratores do que admiradores - todos indignados com as arestas inaparadas e os conflitos mal-resolvidos ao longo das seis temporadas. Mas a verdade é que a série foi um marco histórico da TV por conta de suas inovações formais, que diziam respeito ao tamanho da produção, à narrativa cheia de idas e vindas no tempo e ao engajamento do público. Foi gigantesca a adesão de fãs à trama de mistério sobre um grupo de sobreviventes de um acidente que vive em

uma ilha.

Foi o trio Damon Lindelof, Jeffrey Lieber e J.J. Abrams que criou Lost, com Lindelof e Carlton Cuse cuidando dos roteiros e J.J. Abrams, o diretor do primeiro episódio, levando os principais créditos pela realização da série. Abrams, um amante da cultura pop de 48 anos, teve sua carreira de produtor catapultada, passando a assinar grandes projetos em Hollywood - dirigiu Missão Impossível 3 (2008), Super-8 (2011, produzido por Spielberg) e Além da Escuridão - Star Trek (2013), além do ainda inédito Star Wars: Episódio VII - O Despertar da Força.

Front Back
Front Back
Front Back

"Com Lost, a TV deixou um pouco de lado a ideia de desfrutar de diversão old-fashioned para mergulhar nas nossas obsessões mais pessoais"

Charlie Brooker, no Guardian

BREAKING BAD

Front Back
Front Back
Front Back

"Não há outra reação para o espectador que não a de se tornar um fã devotado. Breaking Bad é a obra-prima da era de ouro da televisão"

David Hiltbrand, no Philadelphia Inquirer

Roteirista, diretor e produtor, Vince Gilligan começou na TV nos anos 1990, quando trabalhou em Arquivo X (1993-02). Ainda que projetos de televisão que duram diversas temporadas e envolvem grandes orçamentos geralmente dependam de esforços coletivos, ser o único criador de Breaking Bad catapultou seu prestígio na indústria - desde antes do fim da série, espera-se ansiosamente pelos seus próximos passos. Gilligan tem 49 anos e está dirigindo episódios de Better Call Saul, spin-off (derivado) de Breaking Bad.

A opinião do crítico de TV do jornal de Philadelphia (em destaque ao lado) sintetiza o que Breaking Bad representa: se há uma obra máxima da era em que a TV tomou a linha de frente na produção audiovisual, é esta série que narra a história de Walter "Heinsenberg" White (Bryan Cranston). A jornada do pacato professor de química do Ensino Médio que se transforma em um ambicioso traficante de metanfetamina é digna de Dante e Virgílio - e lembra o pacto com o diabo de Fausto. Um projeto digno dos maiores clássicos.

24 HORAS

Front Back
Front Back
Front Back

Está sonolento? Entediado? Não há chance de Jack Bauer não reestabelecer sua adrenalina. A série às vezes é implausível e ilógica, mas sua fórmula única garante o sucesso"

Tim Goodman, no

San Francisco Chronicle

Com longa ficha de serviços prestados à televisão, Joel Surnow e Robert Cochran já passaram dos 60 anos de idade. Trabalham juntos desde a série Falcon Crest, em 1991, Surnow como roteirista, Cochran como montador. Eles criaram La Femme Nikita em 1997, e reuniram, para 24 Horas, diversos colaboradores desta última. A série protagonizada por Kiefer Sutherland tem mais de 20 produtores, entre eles o próprio ator principal. É uma das grandes produções (em orçamento e mobilização de recursos) de seu tempo na TV.

Foi com alta dose de polêmica que a Fox revolucionou as produções de ação (na TV e no cinema) ao lançar 24 Horas. Na série, a rotina do agente antiterrorismo Jack Bauer (Kiefer Sutherland) é examinada com uma overdose de tensão, potencializada pela reprodução do tempo real em cena e temperada com a tortura de suspeitos capturados, entre outros atos, vamos definir assim, ilegais. 24 Horas hipnotizou plateias, vidradas em suas surpresas e reviravoltas radicais – e influenciou inúmeras produções do gênero nos anos seguintes.

PORTA

DOS FUNDOS

Front Back
Front Back
Front Back

"Os programas de internet estão mudando o establishment no entretenimento, mas poucos conseguiram a audiência do Porta dos Fundos. O grupo está entre os que registraram crescimento mais rápido de popularidade em todo o mundo"

Reportagem do New York Times

Os criadores são Fábio Porchat, Antonio Tabet, Gregório Duvivier, Ian SBF e João Vicente de Castro. Mas o elenco é maior - tem, entre outros, Júlia Rabello e Clarice Falcão. Esta última, de 25 anos, também faz sucesso como cantora. Porchat, 31, e Duvivier, 28, rapidamente foram cooptados pelas emissoras de televisão e, no caso do segundo, um jornal de grande circulação (é colunista da Folha de S.Paulo). Embora tenham feito outras coisas antes, foi o Porta dos Fundos que lhes deu status de grande nome da comédia nacional.

Os humoristas que formaram o grupo homônimo, no Rio, foram visionários: usaram um novo suporte para o audiovisual (a internet), explorarando-o em tudo aquilo o que oferece: informalidade, liberdade de linguagem (para dizer palavrões e citar marcas de produtos sem qualquer receio), possibilidades infinitas de interação com o público. Suas esquetes rápidas, de não mais de quatro minutos, têm o formato ideal para "viralizarem". Mas não o fariam se não fizessem rir como poucos outros humorísticos atuais.

THE BIG

BANG THEORY

Front Back
Front Back
Front Back

"O desfile de cérebros privilegiados faz nossas barrigas se retorcerem de tanto rirmos. BBT é um vício das noites de domingo na CBS"

Barry Garron,

na Hollywood Reporter

Um dos grandes nomes da TV, Chuck Lorre, 62 anos, é um dos criadores de Big Bang Theory e também de Two and a Half Men, as duas sitcoms mais populares dos últimos anos. Para formatar BBT, ele se uniu ao roteirista Bill Prady, 54, com quem trabalhara em Dharma & Greg (1997-02). A ótima composição dos personagens e o timing do elenco fazem boa parte do trabalho, mas as referências nerds (de Star Trek à física quântica) são pescadas com habilidade pela dupla e sua equipe de mais de 20 roteiristas e consultores.

Embora tenha antecedentes diversos nas décadas anteriores (Woody Allen que o diga), o culto à figura dos geeks atingiu seu ápice neste século 21. Big Bang Theory é a produção de TV que sintetiza o fascínio desse tipo de personagem, especialmente pela composição do protagonista Sheldon Cooper (Jim Parsons). Seus três parceiros (Johnny Galecki, Simon Helberg e Kunal Nayyar) são igualmente ótimos, mas a série de fato cresce a partir de suas interações com as meninas, principalmente a vizinha loira interpretada por Kaley Cuoco.

AVENIDA

BRASIL

Front Back
Front Back
Front Back

"Desde 1989, com Vale Tudo, o país não parava para o último capítulo de uma novela. Foi, seguramente, a primeira vez em que se acompanhou algo com um olho na TV e outro no computador"

Nilson Xavier, no portal Uol

Parceiro de Walter Salles e outros cineastas em roteiros como o de Central do Brasil (1998), João Emanuel Carneiro migrou para a TV e se tornou o principal nome de uma nova geração de autores de telenovelas. Foi acusado por Salles de "roubar" uma história que ele usaria no filme Linha de Passe (2008). Polêmicas à parte, soube seduzir uma parcela até então ausente do horário nobre global. O resultado foi uma espécie de viralização de Avenida Brasil - algo inédito em se tratando das novelas da emissora. Tem 44 anos.

A abertura estilizada, com Danza Kuduro na trilha e imagens prontas para se tornar virais de internet prenunciavam que Avenida Brasil era uma novela diferente no chamado "padrão Globo". A dramaturgia não tinha lá muitas diferenças, na comparação com aquilo que os fãs dos folhetins da emissora se acostumaram, mas alguns de seus personagens (Carminha!) e frases ("Toca pro inferno, motorista!") cativaram uma audiência gigantesca, composta de fatias nem sempre adeptas das novelas globais. Foi "a" representação da chamada "nova classe média" brasileira na cultura pop.