Encontro Econômico Brasil-Alemanha
Claudio Loetz
Colunista de Economia Glauco José Côrte
Presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina Planejamento, organização, seriedade, objetividade, compromisso, serenidade, ousadia, produtividade, eficácia e resultado. Estas dez palavras resumem o comportamento dos empresários alemães no relacionamento de negócios com interlocutores estrangeiros. E garantem-lhes a competitividade. Não por acaso, estes são fatores que conduzem ao êxito. Tanto pessoal, como nas relações corporativas. Ninguém desconhece a capacidade de reinvenção de um povo, esmagado duas vezes no século passado com derrotas em guerras a destroçar a economia e a autoestima. Sim, as tragédias deram mais motivação para o reerguimento de uma nação inteira. Estudo, dedicação, ciência e apego ao trabalho garantiram-lhe o retorno à liderança na Europa. Não é por acaso que a Alemanha é um dos mais importantes países do mundo, tendo a primeira-ministra Angela Merkel como expoente entre as personalidades mundiais.
A relação dos empreendedores alemães com Joinville vem do nosso berço. Constituem parte essencial de nossa formação social e econômica. Joinville nasceu e se desenvolveu, em grande medida, pela capacidade dos primeiros colonizadores europeus em trazer para cá valores intangíveis que auxiliaram a moldar a história da cidade.
Atualmente, Joinville é ponto de parada obrigatória de companhias estrangeiras que querem investir no Brasil. A consolidação de espaços empresariais como o Perini Business Park (onde há empresas alemãs do porte da Siemens e da Bosch), e a própria BMW, em Araquari, são sinais inequívocos de que a região é atrativa para quem quer fazer negócios. O EEBA poderá nos servir de inspiração para, sorvendo as lições dos alemães, sermos competentes o suficiente para driblar a crise e prosperar. As soluções estão entre nós. A experiência em atividades fabris e o espírito empreendedor dos imigrantes, inclusive de origem alemã, fizeram florescer, ainda no século 19, os primeiros estabelecimentos industriais do Vale do Itajaí e do Norte do Estado. Foi essa a grande contribuição que aqueles imigrantes deram a Santa Catarina, Estado que os abrigava e onde eles buscavam novas oportunidades para viver com suas famílias.É notável a vocação industrial catarinense, o quarto Estado do Brasil em número de estabelecimentos (52 mil) e o quinto em número de trabalhadores (813 mil). Os segmentos de artigos do vestuário-têxtil e alimentar e têxtil são os que mais empregam. No Estado, o setor secundário responde por 36% dos empregos, por 54% das exportações, por 42% da energia elétrica consumida e por 34% do produto interno bruto (PIB) – a maior participação no País. Santa Catarina possui o sexto PIB do Brasil (R$ 177 bilhões, em 2011) e é um dos principais exportadores, com U$ 9 bilhões em 2014. Entre seus principais parceiros comerciais incluem-se EUA, China, Japão, Rússia, Argentina, Países Baixos, Reino Unido, México e Alemanha.
O Estado se caracteriza por um parque fabril diversificado e distribuído em todas as regiões, o que lhe confere um padrão de desenvolvimento equilibrado. No Brasil, Santa Catarina é o maior produtor de suínos e o segundo nos segmentos de frangos, têxtil e vestuário. Os laços de Santa Catarina com a Alemanha serão fortalecidos no 33º Encontro Econômico em Joinville, o principal evento empresarial entre os dois países. Num Estado onde a identidade cultural com o país europeu já é forte desde o período de colonização, será mais uma oportunidade para que as empresas possam intensificar negócios e promover trocas de tecnologia. Dez palavras e a competitividade Santa Catarina: um Estado industrial
Joinville é a sede de empresas de sucesso em diversos segmentos, inclusive multinacionais. Conheça algumas das maiores companhias alemãs instaladas aqui e que já fazem parte da história da cidade. A escolha do local para a implantação destas unidades significa desenvolvimento, geração de 
empregos e uma vitrine para atrair novos investimentos. Para as empresas, a opção se dá, principalmente, pela facilidade de mão de obra qualificada, logística e estrutura de portos. Empresas com o DNA alemão Instaladas ou nascidas aqui, elas ajudaram Joinville a prosperar e se tornar em um dos polos industriais mais importantes do Brasil
KAVO
DO BRASIL
DÖHLER
LEPPER
WETZEL
Siemens Healthcare
Hengst Automotive
BOSCH
BMW
 KaVo do Brasil Fundada na Alemanha, a KaVo produz artigos odontológicos e se instalou em Joinville em 1960 para atender ao mercado sul-americano. Atualmente, a empresa conta com um centro de inovação em São Paulo e mais de 400 colaboradores atuando no País. Sua estrutura industrial e comercial atende a mais de 40 países na America Latina, Europa, Ásia e África. O nome KaVo é resultado da união das iniciais dos sobrenomes de seus sócios-fundadores Alois Kaltenbach e Richard Voight. Hoje, a empresa associa à marca qualidade, precisão, utilização do melhor material e aplicação da mais moderna tecnologia.
Salmo Duarte, bd 17/06/2015
 dÖHLER A história da Döhler teve início quando Carl Gottlieb Döhler trouxe da Alemanha a tecnologia para montar em 1881 o tear de madeira que daria origem à empresa. Nesses mais de cem anos de existência, a Döhler se transformou em uma das maiores têxteis da América Latina, com mais de três mil colaboradores e um parque fabril de 200 mil metros quadrados em Joinville. Seu volume de fabricação é de 1.400 toneladas por mês, dentro de um portfólio que chega a 12 mil produtos para cama, mesa, banho e decoração oferecidos no Brasil e no exterior. Sua primeira exportação ocorreu com uma pequena venda, de cerca de US$ 2.700 em tecidos para o Paraguai. Na década de 1990, a Döhler foi a primeira empresa do Sul do País a contar com um aterro industrial.
Rodrigo Philipps, bd 15/10/2014
 lEPEER A Companhia Fabril Lepper foi fundada em 1907 pelo alemão Hermann August Lepper, líder comunitário de visão empresarial e representante da segunda geração dos Lepper que chegaram a Joinville em 1852. Anos depois de ser fundada, a Lepper Irmãos e Cia. já era uma das mais importantes empresas da cidade e reconhecida pela qualidade dos tecidos produzidos nos famosos teares Jacquard. Com 108 anos de existência, a empresa tem uma história marcada por inovações. Foi a primeira empresa a produzir um conjunto de toalhas de mesa e guardanapos feitos do mesmo tecido e padrão de acabamento. Lançou a toalha de tergal, que não amassava, e a primeira toalha rendada feita à máquina. Atualmente, está presente em todo o território nacional.
Salmo Duarte
 wETZEL Alinhada às novas tecnologias e aos processos de produção, a Wetzel S.A., fundada em 1932, em Joinville, é referência nos segmentos automotivos de agronegócios, eletroferragem e instalação elétrica, atendendo a demandas específicas. Dividida nas unidades eletrotécnica, ferro e alumínio, a empresa está presente no Mercosul, na Europa e nos Estados Unidos. Em 2006, transferiu a unidade de alumínio para o Condomínio Perini Business Park. A mudança teve como objetivo ampliar a capacidade produtiva da empresa. Para assegurar a qualidade dos serviços, as três unidades possuem certificação ISO 9001 e, recentemente, a unidade de alumínio recebeu a certificação ISO 14001, que garante o compromisso com o meio ambiente e a comunidade.
Salmo Duarte
 Siemens Healthcare Há três anos, a empresa de origem alemã Siemens Healthcare optou por Joinville para a implantação de mais uma das suas fábricas de produção de equipamentos de imagens no Brasil. A unidade tem 2,5 mil metros quadrados e a facilidade de mão de obra, estrutura de portos e logística foram fatores que motivaram a escolha da empresa pela cidade. A divisão da Siemens Healthcare é umas das maiores entre profissionais de saúde do mundo. Com cerca de 48 mil funcionários e presente em 130 países, o setor é um provedor de soluções médicas, com potencial inovador para o desenvolvimento de tecnologias diagnósticas e terapêuticas. A Siemens Healthcare é a primeira empresa de saúde integrada a adotar combinações diagnósticas de imagem e laboratoriais, soluções terapêuticas e tecnologia da informação a serviço da medicina.
Divulgação
 Hengst Automotive Fundada por Walter Hengst em 1958, a empresa passou seus primeiros 42 anos com fábricas instaladas exclusivamente nas cidades de Münster (matriz), Nordwalde e Berlim. Só em 2000 é que a Hengst instalou sua primeira unidade produtiva fora da Alemanha. E a cidade escolhida foi Joinville. Sua chegada se deu por meio de joint-venture com a Wetzel. Desta iniciativa, nasceu a Hengst-Wetzel, que durou até o grupo alemão decidir comprar os 50% de seu sócio nacional e inaugurar a Hengst do Brasil. Como reconhecimento do trabalho, em 2014 a marca recebeu o Prêmio Excelência Operacional em Qualidade, concedido pela Mercedes-Benz do Brasil aos fornecedores que mais se destacaram ao longo do ano.
Claudia Baartsch, ESPECIAL
 Bosch Uma das maiores fornecedoras da indústria automotiva mundial começou como uma pequena oficina, com o proprietário visitando seus clientes de bicicleta. Isso mesmo. Quando o industrial e inventor Robert Bosch montou sua pequena empresa no Sul da Alemanha, em 1886, não imaginava que sua companhia se tornaria um verdadeiro império global presente em 150 países, com cerca de 300 mil funcionários e faturamento anual de 46 bilhões de euros. Entre as várias contribuições de Robert Bosch para a indústria automotiva estão o magneto, a buzina, o motor de partida, a bomba injetora e o sistema de iluminação elétrica. Em Joinville, a empresa se instalou em 2009 e atualmente conta com uma equipe de quase 300 colaboradores diretos.
Divulgação
 bmw Fundada por Karl Rapp e Gustav Otto, a BMW nasceu com o objetivo de produzir motores para aviões. Após a Primeira Guerra Mundial, devido ao Tratado de Versailles, foi proibida de construí-los. Por esse motivo, chegou a produzir motocicletas. Mais tarde, dedicou-se à fabricação de automóveis. O Grupo BMW se destaca no setor de alto padrão no mercado internacional de automóveis e motos, reunindo quatro marcas: BMW, Mini, Rolls-Royce Motor Cars e Husqvarna. No final de 2014, a primeira fábrica da montadora na América Latina foi inaugurada em Santa Catarina. A unidade foi construída em um terreno de 500 mil metros quadrados, em Araquari, e conta com os setores de logística, funilaria e montagem para fabricar os modelos Série 3, Série 1, X1, X3 e o Mini Countryman.
Bruno Mooca, Divulgação, bd, 9/10/2014
Relações comerciais entre os países vem crescendo nos últimos anos A partir deste domingo, Joinville estará em destaque no cenário mundial e, desta vez, não será por causa da dança. Até terça-feira, a cidade sediará a 33ª edição do Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), um evento que possibilita acordos para o crescimento das relações comerciais, dos investimentos e da cooperação tecnológica entre os dois países.
São aguardados cerca de 800 participantes, entre autoridades governamentais e empresários do Brasil e da Alemanha. O evento é realizado desde 1982 e é considerado o mais importante da agenda bilateral das duas nações. Promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Federação das Indústrias Alemãs (BDI), neste ano, o EEBA terá como tema central Cooperação para superar desafios.
A abertura do encontro ocorrerá neste domingo, às 19h, no Teatro Harmonia-Lyra, com a realização de um jantar e a entrega do Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha 2015. O prêmio foi criado em 1995, em conjunto com a Confederação Alemã das Câmaras de Comércio e Indústria (Deutscher Industrie und Handelskammertag - DIHK) e a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK-SP). Anualmente, são agraciadas duas personalidades com o prêmio, uma de cada país. Entre os premiados ao longo desses anos estão políticos, embaixadores, empresários, executivos e líderes em suas áreas de atuação. Neste ano, os agraciados são o alemão Heinz Hermann Thiele e o brasileiro Weber Porto. Heinz é presidente do Conselho do 
Grupo Knorr-Bremse, empresa líder na produção de sistemas de freios para veículos ferroviários e comerciais. Ingressou na empresa em 1969, tornou-se o principal acionista em 1985 e se dedicou inteiramente ao seu crescimento. Além disso, é um grande 
apoiador do trabalho voluntário da companhia no Brasil, estimulando projetos em conjunto com o Senai e o Senac. Weber Porto é presidente regional para a América do Sul e América Central da Evonik, uma das maiores empresas de especialidades químicas do mundo. Iniciou a carreira na Evonik em 1983, que na na época era chamada de Degussa. Até 1999, exerceu várias atividades dentro da empresa, incluindo passagens de seis anos na Alemanha e dois anos e meio na Argentina. Em 2000, foi eleito o primeiro presidente brasileiro da Evonik no País. Por dois mandatos consecutivos (de 2009 a 2013), foi o presidente da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, além de dedicar seu tempo também a outras atividades honoríficas. Maior economia da Europa e terceira maior do planeta, a Alemanha mostra a sua força em marcas automotivas como BMW, Mercedes-Benz e Volkswagen, além das multinacionais Adidas, Basf, Bayer, Faber-Castell, Henkel, Siemens, SAP e ThyssenKrupp, entre outras. O país também é líder mundial no âmbito de novas tecnologias ambientais e na implementação de energias alternativas, abrigando algumas das maiores feiras internacionais da indústria, do comércio e da tecnologia, como a IFA (voltada para bens de consumo eletrônicos) e a CeBIT (tecnologia da informação e comunicação).
A Alemanha é o principal parceiro comercial do Brasil na Europa e o quarto no mercado mundial – fica atrás apenas da China, dos Estados Unidos e da Argentina. Atualmente, cerca de 1,3 mil empresas alemãs de pequeno, médio e grande portes estão instaladas no Brasil. Elas respondem por 10% do produto interno bruto (PIB) industrial brasileiro e constituem o maior parque industrial alemão fora da Alemanha. Nos últimos cinco anos, as exportações brasileiras para a Alemanha cresceram 6,1%, enquanto as importações aumentaram 53,8%. A maior parte das exportações brasileiras para a Alemanha é formada por produtos primários, como minérios, café, farelo de soja, ferro fundido, aço, máquinas e aparelhos mecânicos. Já as importações concentram-se na fabricação de veículos e autopeças, metalurgia, produtos farmacêuticos, fabricação de máquinas e equipamentos, produtos químicos, entre outros.
Em agosto, a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, esteve no Brasil para assinar 
uma série de acordos com a presidente Dilma Rousseff, o que sinaliza a aproximação cada vez mais forte dos dois países. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), as principais dificuldades para o aumento do intercâmbio comercial entre os dois países estão centradas do lado brasileiro. Segundo a CNI, os dois países devem retomar o mais rapidamente as negociações de um acordo para evitar a dupla tributação, que deixou de ter validade. – Nossas pesquisas mostram que 64% das indústrias brasileiras são prejudicadas pela ausência de acordos de bitributação. Os industriais destacam que a bitributação onera as atividades das empresas nacionais, reduz as exportações e afeta diretamente a produtividade – explica o diretor de desenvolvimento industrial da CNI, Carlos Abijaodi. Outro fator importante para elevar a competitividade dos produtos brasileiros, diz Abijaodi, é a negociação de um acordo de reconhecimento mútuo do Programa Operador Econômico Autorizado brasileiro e europeu, que é um certificado das aduanas e reduz o tempo e o custo de despacho nos portos. Durante três dias, diversos painéis e palestras com enfoque em política econômica e comercial, biotecnologia, mobilidade e conectividade, saúde, energia e infraestrutura serão realizados na Complexo Expoville, em Joinville. Os participantes do Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA) também farão visitas técnicas ao Porto de Itapoá, ao Senai de Joinville, às empresas BMW e Siemens, e ao complexo do Perini Business Park. Também ocorrerão eventos técnicos, que são considerados fundamentais para fomentar parcerias com empresários locais. Confira o que dizem algumas das principais lideranças do município e do Estado sobre o EEBA 2015 e o que Joinville tem a ganhar. Para o prefeito de Joinville, Udo Döhler, o Encontro Econômico Brasil-Alemanha vai movimentar a economia local e poderá atrair investimentos para a região a curto e longo prazos. Segundo Udo, a Alemanha é um país futurista e olha além da crise econômica e política, que deve permanecer por mais um a dois anos no Brasil. – O evento pode abrir canais de 
negociação com empresários alemães e, dessa forma, estimular transações comerciais e de serviços entre os dois países, num momento em que a economia brasileira passa por uma recessão – destaca.
Desde que Joinville foi anunciada como sede do evento, a cidade passou a ser muito elogiada pelos organizadores. A expectativa é de que este seja o encontro com o maior número de alemães presentes. Udo destaca que isso se deve à grande divulgação feita por lideranças catarinenses na Alemanha. – Desde o ano passado, estivemos na Europa por três vezes convidando os empresários para participarem. Acreditamos que uma comitiva de 200 alemães esteja presente – aponta.
Na avaliação de Udo, Joinville está preparada para receber todos os visitantes. – Teremos monitores fluentes em alemão, preparados para auxiliar e apresentar a cidade tanto para os estrangeiros quanto para os brasileiros que estarão por aqui. Uma cidade estratégica Líderes mais próximos Promessa de bons negócios Estímulo para a economia local Sede do Encontro Econômico Brasil-Alemanha, Joinville tem a missão de revigorar a parceria entre os países Em agosto, a primeira-ministra Angela Merkel, uma das pessoas mais influentes no mundo atual, esteve em Brasília para assinar acordos com a presidente Dilma Rousseff Lideranças empresariais esperam que o EEBA 2015 abre as portas para novos acordos bilaterais que favoreçam a região
Relação comercial em debate Nono destino dos produtos exportados pela região de Joinville, Alemanha é vista por governantes e empresários como um mercado favorável para firmar novos negócios
Alemanha é, atualmente, o nono destino das exportações das empresas da região de Joinville. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), de janeiro a julho deste ano, as empresas de Joinville faturaram US$ 16,9 milhões com a venda de produtos para o mercado alemão, tendo como principais produtos maquinários, instrumentos médicos, componentes químicos e farmacêuticos, produtos do setor têxtil e metal mecânico. Já as importações foram bem maiores e somaram US$ 118,3 milhões no mesmo período. Esse volume, segundo o MDIC, é motivado, principalmente, pelas operações do centro de distribuição da montadora alemã BMW, instalada em Araquari, e pela entrada de instrumentos e equipamentos médicos, componentes químicos e farmacêuticos, além de produtos industrializados dos setores elétrico e metal mecânico.
Segundo Carlos Adauto Virmond Vieira, secretário de Estado de Assuntos Internacionais, é necessário incentivar a parceria com a Alemanha para diminuir esse desequilíbrio na balança comercial por meio, principalmente, da cooperação de pequenas e médias empresas de Santa Catarina.
– O Estado vem se destacando e tem capacidade para isso. Temos aqui mão de obra qualificada, a melhor estrutura portuária do Brasil, equilíbrio social, pequenas e microempresas trabalhando com uma grande diversidade de produtos e uma ampla rede de ensino – aponta.
Para Vieira, o Encontro Brasil-Alemanha servirá para comprovar aos alemães tudo que foi dito durante as visitas feitas por autoridades neste ano a algumas cidades europeias, como Berlim, Hannover e Munique. – No contexto nacional atual, mostraremos que é muito mais interessante e seguro investir em Santa Catarina, já que temos uma realidade socioeconômica próxima da realidade dos países europeus – diz o secretário.
Também não está descartada a possibilidade de os dois países discutirem um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, da mesma forma como ocorreu no ano passado em Hamburgo. – Nas negociações do acordo de associação entre o Mercosul e a União Europeia, aguarda-se a apresentação de ofertas comerciais até o último trimestre de 2015, conforme anunciado no comunicado conjunto da Reunião Ministerial Mercosul-UE, de 11 de junho deste ano. Tenho certeza de que o tema surgirá novamente – afirma o diretor de desenvolvimento industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Abijaodi.
Weber Porto é presidente regional para a América do Sul e Central da Evonik Edição
Jean Balbinotti Reportagem
Mariana Woj Projeto gráfico
Juliano Souza Tradução
Fast Way Traduções Rodrigo Philipps, bd, 3/3/2013 Prefeito Udo Döhler vê uma grande oportunidade para firmar acordos comerciais e de serviços com os alemães foi o percentual de crescimento das exportações brasileiras para a Alemanha nos últimos cinco anos. Angela Merkel (E) e Dilma durante o encontro que ocorreu no mês passado em Brasília foi o percentual de crescimento das importações brasileiras da Alemanha nos últimos cinco anos. Heinz Herman Thiele é presidente do Conselho do Grupo Knorr-Bremse 6,1% 53,8%
Cooperação em diferentes áreas
Desde 2002, Brasil e Alemanha são parceiros estratégicos e, há cerca de um mês, os países elevaram esse patamar por meio da inauguração de um mecanismo de consultas intergovernamentais de alto nível. O acordo foi firmado em Brasília pela presidente Dilma Rousseff e pela chanceler alemã, Angela Merkel. A criação do mecanismo de consulta com a Alemanha promete melhorar o diálogo político dos dois países e permitir o reforço da cooperação econômica, tecnológica e comercial nas áreas consideradas prioritárias para o Brasil. Essas áreas são a de comércio exterior, agricultura, educação, trabalho, energia, saúde, meio ambiente, previdência, ciência e tecnologia e cultura.
Ciência, tecnologia e inovação compõem um importante tripé nas relações entre os dois países. Por meio da cooperação com a Alemanha, o Brasil espera aumentar o componente de inovação nas cadeias produtivas nacionais, capacitar cientistas e engenheiros e promover a transferência de tecnologia. No último Encontro Econômico realizado em Hamburgo, na Alemanha, a proposta para a implantação de cursos técnicos com metodologia alemã em instituições brasileiras ganhou força. Desde então, o Senai engajou-se no Projeto VETnet, uma iniciativa do Ministério Federal de Educação e Pesquisa na Alemanha (BMBF), cujo objetivo é o de implementar o modelo de Ensino Dual Técnico de Formação Profissional Alemão para 11 países, entre eles, o Brasil. O projeto é coordenado pela Confederação Alemã das Câmaras de Comércio e Indústria (DIHK) e executado no Brasil pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK). O Senai tornou-se parceiro técnico para a implementação desse modelo no País. – O objetivo é suprir uma demanda por uma educação profissional completamente vinculada às questões das empresas – explica o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.
Áurea Raquel Pirmann,
presidente do Joinville
e Região Convention & Visitors Bureau
João Martinelli,
presidente da Acij
Marcelo Hack,
presidente do Perini Business Park
Carlos R. Schneider,
presidente da Ciser
Carlos Adauto Virmond Vieira,
secretário de Estado de Assuntos Internacionais
"Para o Joinville e Região Convention & Visitors Bureau, a realização do encontro é uma demonstração clara da capacidade de Joinville para receber grandes eventos, inclusive internacionais. Hoje, a nossa cidade atende aos melhores requisitos técnicos em estrutura, localização geográfica, acesso, rede de serviços e articulação, que são itens indispensáveis para a captação de um evento. Sediar o EEBA proporciona também a Joinville visibilidade internacional e nos credencia para o desejado crescimento no setor de turismo de eventos e, consequentemente, para o Visitors, que também beneficia toda a região, contribuindo desta forma para a geração de novas oportunidades empreendedoras para toda a cadeia produtiva do setor."
"Trata-se de uma agenda positiva, de construção de negócios, além de estreitar o relacionamento entre os dois países. Uma novidade do evento deste ano é a possibilidade de empresários catarinenses hospedarem empresários alemães, que serão em torno de 150. Essa forma de receber, de envolver a família como um todo, por certo facilitará os relacionamentos. Temos plena convicção de que o encontro servirá como um marco no relacionamento entre os dois países e que muitos negócios resultarão desta iniciativa."
"O Encontro Brasil-Alemanha proporcionará uma visão de destaque a Joinville no período do encontro. Em nossa opinião, o evento poderá despertar o interesse de empresas alemãs, que queiram investir no Brasil. Para o Parque Perini, o EEBA pode vir a ser uma ótima oportunidade de negócios, fazendo notar ao empresário estrangeiro uma realidade de infraestrutura pouco conhecida no exterior, complementada com qualidade de mão de obra e cultura europeia."
"O Brasil sempre foi importante para a Alemanha. Abrigou imigrantes, que aqui fundaram cidades, e recebeu investimentos de centenas de empresas alemãs. Os valores e a cultura trazidos por estes colonizadores ajudaram a moldar algumas das regiões mais prósperas do nosso país. Joinville, onde neste ano acontece o Encontro Econômico Brasil-Alemanha, faz parte dessa história e mostrará aos brasileiros e aos visitantes alemães quantas oportunidades essa relação bilateral consistente pode oferecer aos agentes dos dois países. Certamente, mostrará caminhos num momento conturbado."
"O Encontro Econômico Brasil-Alemanha colocará Santa Catarina na vitrine das relações internacionais. Por mais que já estejam instaladas algumas empresas germânicas aqui, os alemães ainda desconhecem as potências do Estado. Diferente de uma feira em que negócios são fechados durante o evento, a ideia do encontro é plantar sementes que serão colhidas no futuro.
Marco Aurélio Braga, Prefeitura de Joinville, Divulgação
 Givaldo Barbosa, Agência O Globo, bd 20/8/2015
Rodrigo Philipps, bd, 27/2/2015
Na Escola Carlos Heins Funke, alunos são estimulados a escrever e falar no idioma alemão
ONDE ESTÃO
Veja no mapa a localização das cidades-irmãs de Joinville
Chesapeake Joinville Schaffhausen Langenhagen Spišska Nová Ves Zhengzhou
O incentivo para a preservação da cultura alemã vem das escolas de Joinville. Em pelo menos dois bairros da cidade, que têm um grande número de descendentes alemães – Pirabeiraba e Glória –, cerca de 400 alunos das escolas Agrícola Municipal Carlos Heins Funke, Pastor Hans Müller, Governador Pedro Ivo Campos e Professora Zulma do Rosário Miranda, matriculados da 6ª à 9ª série, aprendem o idioma alemão. Conforme a supervisora de ensino de língua estrangeira de Joinville, Adriana de Souza Machado, as aulas são dadas de duas a três vezes por semana e têm foco na oralidade e no ensino de vocabulário, sem deixar de lado a parte lúdica, que é usada como ferramenta para iniciação à língua.
– A língua estrangeira tem o papel de formar principalmente os leitores funcionais. O objetivo é prepará-los para as demandas do mundo do trabalho e acadêmico – diz.
Para o cônsul honorário da Alemanha em Joinville, Rodrigo Bornholdt, a vinda de empresas alemãs para a região, como foi o caso da BMW, e a realização do encontro na cidade contribuem para o reavivamento do interesse e da curiosidade sobre a Alemanha, tanto por parte da população, quanto das crianças.
– Toda essa a movimentação empresarial traz uma repercussão que vai além da econômica. Ela possibilita, acima de tudo, um intercâmbio cultural e linguístico – destaca. Troca de conhecimento
Cidades-irmãs
Joinville se mantém próxima da Alemanha graças a uma parceria com Langenhagen, sua cidade-irmã no país. O conceito é simples: municípios que compartilham características semelhantes (demográficas, por exemplo) ou pontos e referências históricas comuns são consideradas irmãs. Por causa do tal “parentesco”, as cidades cooperam entre si em um esquema amigável. Além de Langenhagen, Joinville tem como cidades-irmãs Zhengzhou, na China; Chesapeake, nos Estados Unidos; Spišska Nová Ves, na Eslováquia; e Schaffhausen, na Suíça.
– O programa de cidades-irmãs tem como objetivo criar oportunidades para os joinvilenses vivenciarem as culturas de outros povos; estimular o desenvolvimento e fortalecimento de oportunidades econômicas; possibilitar a troca de informações entre os governos; desenvolver condições visando a possibilitar encontros criativos; e colaborar com entidades que tenham os mesmos objetivos – destaca Romy Dunzinger, coordenadora do Programa Cidades-irmãs.
Para manter viva a chama da cultura alemã em Joinville, a Sociedade Cultural Alemã mantém grupos de conversação para pessoas que já falam alemão, mas não têm oportunidade de praticar, informa a diretora de comunicação da entidade, Nelci Terezinha Seibel. No dia 25 de setembro, a Sociedade Cultural lançará na Sociedade Harmonia-Lyra o livro Personalidades da Cultura Germânica em Joinville. A obra é uma homenagem a 50 personalidades ou entidades que prestaram ou prestam serviços para a preservação da cultura alemã na cidade.
Jutta Hagemann lembra que muitos alemães eram proibidos de falar no idioma nativo durante a 2ª Guerra Mundial A trajetória dos alemães no Brasil é marcada por vários fatos históricos durante esses quase 200 anos de convivência. Uma vez instalados aqui, os imigrantes tiveram de se adaptar à realidade local, estabelecendo 
uniões matrimoniais interétnicas e abandonando o uso do idioma pátrio. Vivenciaram todo tipo de situação, desde condições de miserabilidade até conflitos religiosos e culturais. Hoje, alguns de seus descendentes guardam na memória a lembrança quase romântica dos seus antepassados alemães e buscam repassar o que aprenderam sobre sua etnia aos mais jovens. As raízes culturais Primeiros imigrantes alemães vieram para Santa Catarina no século 19 e deixaram um legado de história para os seus descendentes alemães foragidos das tensões de cunhos político e econômico vieram para o Brasil no auge da imigração. 75 mil Diversas levas de imigrantes desembarcaram em Santa Catarina no século 19. O primeiro grupo chegou ao Estado em 1822, quando o Brasil promulgou a independência em relação a Portugal e se deparou com algumas necessidades. Uma delas era povoar a região Sul do País, que, até então, abrigava poucas pessoas. Na época, a imigração foi a solução encontrada para promover a ocupação do território, 
e a escolha recaiu sobre alemães e italianos que buscavam uma vida nova no País. O primeiro grupo de imigrantes se fixou no Rio Grande do Sul e, a partir daí, eles se expandiram por toda a região Sul. Em 1829, após a ocupação do Estado vizinho, alguns grupos de imigrantes foram enviados para o Paraná e outros para Santa Catarina. Naquele tempo, as famílias que aceitaram vir para o Brasil traziam apenas a sua força de trabalho e, como incentivo do governo, cada uma recebeu uma 
pequena propriedade de terra e cabeças de gado.
O auge da imigração germânica no Brasil 
ocorreu após a Primeira Guerra Mundial, época em chegaram aproximadamente 75 mil alemães. Eles eram foragidos de tensões de cunhos político e econômico que aconteciam na Alemanha. Esse 
novo grupo tinha formação e estudo. Muitos eram operários e professores. A mão de obra especializada foi importante para o desenvolvimento da industrialização no Brasil.
Para manter os traços da terra natal e da cultura, os imigrantes se fecharam em núcleos de etnias e tradições europeias. As escolas, por exemplo, ensinavam com livros no idioma de origem que vinham direto da Europa. Os jornais da época noticiavam nas duas línguas, tanto que, na década de 1930, um terço das publicações era escrito em alemão.
Até meados de 1942, o presidente do Brasil, Getúlio Vargas, não havia se posicionado sobre a Segunda Guerra Mundial. Porém, quando navios brasileiros com mercadorias foram atingidos por submarinos supostamente alemães, causando a 
morte de centenas de marinheiros, Vargas mudou o discurso e colocou-se contrário à Alemanha. Segundo Jutta Hagemann da Cunha, 
memória viva de Joinville, criaram-se desde leis rigorosas que impediam qualquer participação 
política ou social dos imigrantes, até a proibição de falarem seus idiomas nativos em público. Além 
disso, residências e lojas comerciais com nomes germânicos foram apedrejados. – Ser alemão passou a ser motivo de chacota, e falar, cantar ou escutar canções alemãs eram proibidos no País. Com o tempo, a situação foi amenizando, porém muito da cultura desse povo se perdeu, uma 
vez que as famílias tinham medo de ensinar seus idiomas nativos aos seus descendentes, mesmo após a guerra – conta Jutta. A chegada ao Brasil Homenagem
Leo Munhoz, bd, 26/5/2015
Rogério da Silva, divulgação, bd, 8/9/2015 A maior cidade de Santa Catarina pode até ter nome francês, mas o espírito sempre foi germânico. Prova disso são os diversos locais espalhados por Joinville que preservam a cultura alemã, seja por meio da culinária, da música ou das pessoas que se esforçam para manter vivas as tradições. Com a ajuda da Sociedade Cultural Alemã de Joinville selecionamos dez lugares que merecem ser visitados por quem quer se envolver e conhecer um pouco mais sobre a história desse país tão presente na vida dos joinvilenses. Confira: Venha nos visitar Conheça dez locais que trazem um pouco da história da etnia alemã para Joinville
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