Fórum reúne 60 mil em Porto Alegre
     Ativistas, acadêmicos, representantes de entidades sindicais, religiosas e de movimentos socias contrários às políticas neoliberais de mais de cem países mudaram o cenário de Porto Alegre entre os dias 31 de janeiro e 5 de fevereiro. A segunda edição do Fórum Social Mundial – o primeiro ocorreu em janeiro do ano passado – reuniu mais de 60 mil pessoas.

     Além dos temas propostos nos eixos principais de debates – produção de riquezas e reprodução social, acesso às riquezas e à sustentabilidade, afirmação da sociedade civil e dos espaços públicos, poder político e ética na sociedade –, a programação incluiu discussões sobre acontecimentos que preocuparam a sociedade em 2001 e no início de 2002.

     A cerimônia de encerramento no Centro de Eventos da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), em Porto Alegre, teve a presença de mais de 6 mil pessoas dentro e nas proximidades do prédio, acenando lenços brancos e cantando o jingle do Fórum. O espetáculo foi aberto com um show de hip hop e rap de um grupo de meninos e meninas da Fundação do Bem-Estar do Menor (Febem). Depois, o ator Nelson Diniz leu um poema de Piedro Tierra que confronta os fóruns de Porto Alegre e de Davos para dizer que “Nova York é o medo, Porto Alegre, a liberdade”. Representantes de Brasil, Filipinas, Itália, Equador, Nicarágua, Quênia e Coréia deram depoimentos e apresentaram as estatísticas do Fórum (veja quadro), que recebeu 51,3 mil pessoas este ano. Outro grupo – representando América do Sul, Ásia e África – foi encarregado de saudar as autoridades. O colombiano José Pereira, representante dos sul-americanos, e Saramago – que que não apareceu mas enviou um texto – garantiram os momentos mais comoventes do encerramento. Pereira pediu que “mudemos nosso mundo interior para que possamos mudar nosso mundo material”, defendeu uma maior participação dos idosos no próximo Fórum e, num ritual indígena de reverência ao céu e à terra, silenciou o auditório com os sons tirados de sopros em uma concha marinha. Saramago enviou uma história sobre a justiça e a democracia, lida pelos atores Liane Venturella, Celina Alcântara e Zé Ramalho.

     O 1º Fórum Social Mundial ocorreu em 2001 com objetivo de ser um contraponto ao Fórum Econômico de Davos. Porto Alegre foi escolhida por oito organizações não-governamentais (ONGs), com apoio de outras 300, pelas experiências alternativas de administração. A proposta inicial era de que a segunda edição fosse realizada em outro país, mas a experiência bem-sucedida na capital gaúcha fez os organizadores mudarem de idéia. A terceira edição do evento também será em Porto Alegre.

Os números
51,3 mil participantes credenciados
35 mil ouvintes cadastrados
210 etnias
186 idiomas
1 mil pessoas trabalhando no evento
Cerca de 3 mil profissionais de imprensa
15.230 delegados representantes de organizações da sociedade civil (ONGs, sindicatos e movimentos sociais)
57% homens
43% mulheres
131 países
4.909 organizações da sociedade civil
15 mil participantes no Acampamento Intercontinental da Juventude de 52 países
2,5 mil crianças registradas no Forunzinho, com 800 oficineiros voluntários
550 mil acessos diários no site oficial do Fórum Social Mundial
As delegações(*)
Itália – 979 delegados e 406 organizações
Argentina – 924 delegados e 274 organizações
França – 682 delegados e 224 organizações
Uruguai – 465 delegados (não há o número de organizações)
Estados Unidos – 406 delegados e 166 organizações
(*) O Brasil teve a maior delegação, mas os números dos brasileiros no Fórum não foram divulgados

Profissionais de Imprensa
2,4 mil jornalistas
1,05 mil veículos de 48 países
780 jornalistas free-lancers de 33 países
467 jornais
193 revistas
188 rádios
140 mídia digital
116 canais de TV