O terceiro Fórum
Rosane de Oliveira

     Na despedida, hoje, os participantes do Fórum Social Mundial marcarão novo encontro para o mesmo período de 2003, em Porto Alegre. Pelo terceiro ano consecutivo, milhares de pessoas que pensam da mesma forma se encontrarão para defender as mesmas teses de 1999 e 2000 - com alguns acréscimos, dependendo do que os Estados Unidos fizerem nos próximos 12 meses.

     Os debates tendem a se tornar repetitivos pela decisão dos organizadores de fechar as portas a quem não seja capaz de subscrever uma carta que condena frontalmente as políticas neoliberais. Foi essa a razão do veto ao primeiro-ministro da Bélgica, Guy Verhofstadt, e ao vice-presidente do Banco Mundial, Mats Karlsson.

     O sociólogo Emir Sader, um dos coordenadores, justifica os vetos com uma explicação definitiva:

      - O Fórum Social Mundial é um espaço de construção de alternativas ao neoliberalismo e, nesse sentido, não é onde vamos polemizar com eles. Isso nós o fazemos fora, em outros momentos e espaços.

     Não se espere, pois, pluralidade. As divergências entre os conferencistas e os participantes são irrelevantes. O Fórum Social Mundial conquistou prestígio, se fez ouvir em Nova York, se firmou como contraponto ao Fórum Econômico Mundial, mas não oferece espaço para o contraditório.

     Uma pergunta os convidados mais informados sobre a situação política do Rio Grande do Sul devem levar na cabeça: como será o amanhã se o PT perder a eleição para o governo do Estado? Convém que os organizadores do Fórum busquem, desde já, alternativas para custear o evento se o PT perder a eleição. Dificilmente outro partido dará ao terceiro Fórum o respaldo que este governo deu às duas primeiras edições.

     A prefeitura continuará nas mãos do PT - pelo menos até 2004 -, mas não terá como bancar os gastos de mais de R$ 2 milhões que neste ano o governo custeou. Pagar adiantado uma despesa com a qual o sucessor não concorde certamente o governador Olívio Dutra não fará em caso de derrota.