Em que pese achar indiscutível
a importância da realização do Fórum
Social Mundial em Porto Alegre, notadamente pelo fato de colocar
a cidade em evidência internacional, causa espécie
a omissão dos doutos debatedores e do governo do Estado
acerca de um tema para o qual aqui pretendo chamar a atenção.
A economia brasileira, em
especial a gaúcha, tem na agricultura importante fonte
de empregos e receitas, e as indispensáveis exportações
agrícolas promovem o crescimento do setor e o ingresso
de divisas.
Mesmo diante de tão
importante área da economia nacional, não se
viu no FSM qualquer debate acerca do forte protecionismo imposto
pelos governos europeus, notadamente franceses e italianos,
que através de alíquotas altíssimas impedem
a exportação de nossos produtos para aqueles
países.
Certamente, dentre as entidades
que forçam a manutenção do protecionismo,
está a Via Campesina, cujo mais conhecido integrante
é o senhor José Bové, que participou
da baderna na Monsanto e teve como testemunha de defesa em
processo criminal o secretário estadual de Agricultura,
senhor Hermeto Hoffmann, que foi até Montpellier para
depor.
Interessante e curioso o silêncio
e a omissão do FSM e do governo gaúcho acerca
do tema, já que o Fórum propõe o fim
da exclusão e o aumento da renda e do emprego.
Os europeus com o seu protecionismo
agrícola certamente não ajudam o Estado, mas
prejudicam-no causando o desemprego no campo.
A concorrência desleal
dos ricos europeus, subsidiada com vultosos recursos por seus
governos, causa mais pobreza no nosso campo, já que
termina por impossibilitar as importantes exportações.
Diante de tal quadro, certamente
causa estranheza o silêncio do FSM acerca do assunto,
bem como o tratamento de estrela outorgado ao senhor Bové
e demais representantes do protecionismo agrícola europeu.
Mais estranho, porém,
é ver os próprios gaúchos prejudicados
pela política agrícola européia entoar
o cântico: "Bové é meu amigo, mexeu
com ele, mexeu comigo!"
Ora, que amigo é esse?
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