Nenhum dos milhares de participantes
conseguirá ter a dimensão do Fórum Social
Mundial por inteiro - exceto pelo caderno de 152 páginas
que contém toda a programação. Cada um
voltará para seu país ou para sua ONG contando
o pedaço que viu. Para assistir a uma palestra é
preciso abdicar de outra. Há seminários espalhados
na cidade, centenas de encontros denominados oficinas, programação
cultural em diferentes bairros, vida social nos bares e restaurantes.
Os idiomas se misturam no Centro
de Eventos da PUCRS e há tanta gente nas salas das
conferências quanto no saguão, nos corredores
e nos jardins. Na fila do táxi se fala inglês,
francês, espanhol, italiano, português e línguas
que não se consegue identificar no meio do burburinho.
As roupas sugerem a nacionalidade dos que usam vestes especiais.
A maioria se parece. São poucos os negros, raros os
orientais.
Têm em comum o discurso
contra a globalização neoliberal e a convicção
de que estão reunidos para mudar o mundo. A estrela
do Fórum, eleita por antecipação, é
o lingüista americano Noam Chomsky. Diferentemente do
ano passado, quando o francês José Bové
roubou a cena, desta vez as idéias estão em
primeiro lugar.
Chomsky agradou à platéia
que conseguiu entendê-lo - muita gente ficou a ver navios
porque não falava inglês e os equipamentos de
tradução simultânea tiveram problemas.
Repetiu as críticas ácidas que vem fazendo ao
governo dos Estados Unidos e ao modelo de globalização
que amplia as desigualdades. Chomsky não deixou claro
se acha possível um mundo sem guerras. Só alertou
para os riscos de as guerras tornarem o mundo impossível.
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