Neste momento em que tanto
se fala em excluídos, quem sabe nos detenhamos um pouco
que seja no exercício saudável de descobrir
que sociedades, e em que condições, conseguiram
dar maior nível de bem-estar e conforto a seus integrantes.
Ora, uma análise dessa natureza nos revela, de imediato,
que foram aquelas sociedades que elegeram, no plano político,
a democracia, no econômico, a economia de mercado e
que, ao lado disso tudo, mantiveram o estrito respeito ao
direito de propriedade e às diferenças de índole
de cada pessoa, garantindo-lhes o direito ir e vir, de opinar
e fazer aquilo que melhor esteja em sintonia com seus propósitos.
Tudo isso, evidentemente, em consonância com o estamento
jurídico institucional adequado capaz de assegurar
à sociedade um mínimo de condições
de convívio tolerante, fraterno e respeitoso.
Ou seja: a mobilidade social
como indicador de progresso e prosperidade de uma população,
pelo menos até aqui na história da humanidade,
só obteve êxito sob a vigência dessas condições
gerais. Em nenhum outro lugar do mundo que tenha adotado diferente
sistema político e econômico conseguiu-se dar
minimamente condições dignas de vida para o
povo, ou a maior parte dele. É verdade que nem mesmo
nessas sociedades avançadas, onde a chamada democracia
liberal (neoliberalismo, conforme pejorativamente a esquerda
raivosa a denomina) dá as cartas, obteve-se a eliminação
total da situação de pobreza e miséria
de parcela de suas populações. São efeitos
marginais que para sua eliminação independem
do sistema político e econômico para serem banidos,
mas sobre o qual atuam outros fatores, aí incluída
a cultura do gosto pelo trabalho, do sacrifício e auto-determinação
ausentes na mente de milhões de homens e mulheres.
O 2º Fórum Social
Mundial, se teimar no ranço que persegue a esquerda
latino-americana e gaúcha, em particular, e fincar
pé em unicamente denunciar as contra-indicações
do sistema atual vigente no mundo desenvolvido, sem apontar
alternativas práticas que não sejam as execradas
experiências socialistas do último século,
estará refém de seu próprio engajamento
político descompromissado com o real futuro da humanidade.
Antes de tudo, convém examinar sem preconceitos as
razões pelas quais há, hoje, no mundo, milhões
e milhões de incluídos. Quem sabe a partir daí
possamos obter uma fórmula mais aprimorada capaz de
fazer com que um sistema que consegue inserir milhões
possa estender seus benefícios para aqueles que marginalmente
ainda não conseguiram chegar lá. E não
me parece que a fórmula perseguida esteja nos exemplos
exaustivamente lembrados pelas lideranças petistas
no RS. Nesses casos não só a pobreza se tornou
endêmica, como as liberdades civis e as condições
gerais de cidadania foram integralmente submetidas aos caprichos
do ditador de plantão.
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