Os críticos do Fórum
Social Mundial por certo encontrarão pencas de motivos
para tentar desqualificar um encontro de maioria esquerdista
- se é que ainda se pode confiar nas definições
de esquerda e direita. Quem deixar a má vontade de
lado acabará por concordar que o Fórum é
bom para o Estado e para a cidade, não só porque
movimenta a economia nesse período de férias,
mas muito mais pela oportunidade de se ouvir pessoas da qualidade
de alguns conferencistas e debatedores.
De Porto Alegre não
sairá uma receita acabada para o mundo melhor que os
participantes consideram possível, mas a discussão
é saudável. Os sem-ONG reclamam porque não
puderam se credenciar e os adversários do PT criticam
o uso de recursos públicos na montagem da infra-estrutura
e no pagamento das despesas dos hóspedes oficiais,
os liberais atacam a falta de vozes discordantes. O fato é
que o Fórum Social Mundial colocou Porto Alegre e o
Rio Grande do Sul no mapa múndi. Seria insensatez esperar
unanimidade.
Não é pouca
coisa reunir um intelectual como Noam Chomsky, ganhadores
de prêmios Nobel, prefeitos de cidades como Roma e Paris
e juízes com o currículo de um Baltasar Garzón
em meio a cidadãos de todos os cantos do planeta.
Para que o brilho do Fórum
não seja ofuscado por manifestações violentas
de grupos radicais, os organizadores e os responsáveis
pela segurança terão que redobrar a atenção.
No ano passado, o francês José Bové roubou
a cena quando comandou a destruição de uma lavoura
de soja transgênica, mas neste ano tudo o que os organizadores
esperam é moderação. Há coisas
mais importantes em pauta do que as ações barulhentas
do francês, condenado por comandar a destruição
de uma loja do McDonald's em seu país.
A segunda edição
do Fórum será maior e, provavelmente, melhor
do que a primeira. O Fórum de Autoridades Locais, que
começou ontem à noite, deve terminar amanhã
com a apresentação de propostas concretas para
o combate à miséria. Até o dia 4, Porto
Alegre será uma Babel globalizada.
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