Por que participar do FSM?, de Kathia Vasconcellos Monteiro, ecologista

     "A regra suprema... é se recusar terminantemente a ter o que milhões não podem ter. Essa capacidade de recusar não se apresentará a nós de repente. O primeiro passo é cultivar a atitude mental de que não se pode ter bens ou recursos que são negados a milhões..." (Gandhi).

     Esta é a grande questão: como garantir o acesso de todos aos bens e recursos indispensáveis a uma vida digna? É a pergunta que todos nós fazemos independentemente de ideologias políticas e credos religiosos. Esta é a questão que a grande maioria dos participantes do 2º Fórum Social Mundial estará debatendo e, principalmente, trocando experiências para vencer o desafio. Ao contrário do que muitos pensam, o FSM não contará com a participação somente de extremistas de esquerda. Pessoas de outras tendências políticas, inclusive de direita, estarão participando e assistindo a conferências e oficinas. Todos acreditam que "Um Outro Mundo é Possível" e a convivência com pessoas das mais diversas partes do planeta possibilita a troca de idéias e experiências concretas que estão tornando este "outro mundo" uma realidade.

     Vejo que o FSM tem duas missões importantes: uma delas é garantir o nivelamento de informações como forma de propiciar o debate qualificado sobre a atual conjuntura político-econômica ocidental. Só para dar um exemplo, na área ambiental serão tratados temas pouco conhecidos do grande público como dívida ecológica, desmatamento e reforma agrária, justiça ambiental, entre outros. Se lembrarmos que serão centenas de oficinas dá para perceber a abrangência e diversidade dos assuntos tratados. A outra missão é possibilitar a troca de experiências, de ações práticas que as mais diversas organizações realizam em prol da saúde, educação, alimentação, habitação, mulheres, crianças, meio ambiente, cultura entre outros tantos temas. Quem tiver interesse em saber como recuperar uma floresta vai encontrar pessoas no FSM que vão dizer como; assim como em relação a moradias alternativas, utilização racional da água, ações comunitárias participativas, agricultura etc.

     Entendemos ser este um momento único para todo cidadão conhecer as experiências bem-sucedidas realizadas no planeta, as dificuldades socioambientais locais e planetárias, as críticas ao modelo de globalização vigente e as alternativas a ele. Além do mais, sempre é possível conhecer, conversar, ou até mesmo, iniciar uma amizade no cafezinho, no corredor, nas oficinas. A diversidade de pessoas que circulam nos corredores revela a exuberância da diversidade planetária.

     Quem quer e acredita que um outro mundo é possível deve deixar em casa os conceitos preconcebidos e ir de mente e coração abertos ao FSM.