Porto Alegre, Davos e Nova York
Chico Vicente, geógrafo e secretário-geral do PT/RS - 22/02/20022

     De 31 de janeiro a 5 de fevereiro, o Fórum Social Mundial, com uma expectativa de reunir mais de 50 mil pessoas, se realizará novamente em Porto Alegre, renovando esperanças de milhões e milhões de pessoas, de todos os países do planeta que sonham com a paz, a igualdade de oportunidades, a democracia, a justiça e a solidariedade.

     Contraposto ao Fórum Econômico Mundial, há 31 anos realizado em Davos, na Suíça, e coordenado pela elite mundial sob a batuta do neoliberalismo, o movimento com base em Porto Alegre reúne todos que resistem, combatem e constroem alternativas ao modelo de exploração neoliberal. O exemplo institucional mais representativo deste movimento é simbolizado pelo governo democrático e popular no Rio Grande do Sul.

     A aceitação popular do Fórum de Porto Alegre combinada com o isolamento político do Fórum de Davos é tão evidente que, após três décadas, Davos se mudou para Nova York. Os neoliberais, vendo seu projeto em crise, com claros sinais de esgotamento em algumas frentes, tais como a Argentina, privatizações, desemprego, estagnação econômica, dentre outras, resolveram pegar uma carona esperta nas conseqüências históricas dos aviões de Bin Laden. Em Nova York, Davos discutirá o apoio à guerra, à Alca, às políticas do FMI e da OMC e a contabilidade dos lucros auferidos através do mecanismo da dívida externa, a manutenção do status quo.

     Os fundamentalistas do talibã foram fortemente financiados pelos interesses do império norte-americano e do grande capital quando do período da Guerra Fria. Esta parceria de outrora lhes é, agora, por demais incômoda. A decisão de enviar os prisioneiros do Al Qaeda para a base de Guantánamo, pedaço de território cubano que os Estados Unidos se negam a devolver a Cuba, é mais uma jogada oportunista na tentativa de manipulação da opinião pública tentando construir alguma ligação entre a luta contra o neoliberalismo e o terror.

     Porto Alegre, com a presença de quase uma dezena de ganhadores do Nobel da Paz e de centenas de respeitadas personalidades mundiais, abre seus debates lançando um grito contra a guerra. Davos vai para Nova York e em Davos se instalará uma sucursal de Porto Alegre para debater a construção de um outro mundo sem guerras e sem exploração.