Porto Alegre prepara-se para
sediar pelo segundo ano consecutivo o Fórum Social
Mundial, que será realizado de 31 de janeiro a 5 de
fevereiro deste ano. Esperam-se para essa segunda edição
cerca de 50 mil participantes de mais de 120 países,
incluindo 12 mil representantes de movimentos sociais, sindicais,
religiosos e de organizações não-governamentais
na condição de delegados. Trata-se do primeiro
grande encontro da sociedade civil internacional após
11 de setembro de 2001. O governo do Rio Grande do Sul e a
prefeitura de Porto Alegre, na condição de anfitriões
e apoiadores oficiais, têm enorme responsabilidade política
na realização desse evento. A atenção
de grande parte da humanidade estará voltada para o
que vai acontecer nesses seis dias no Brasil.
O 1º Fórum Social
Mundial foi uma surpresa positiva, inclusive para os seus
idealizadores. Criou um espaço novo de reflexão
e de articulação. Polarizou com os poderosos
de Davos. Concentrou esforços. Disseminou esperança.
Mexeu com o mundo. Demonstrou na teoria e na prática
que a globalização neoliberal não é
o produto inexorável de forças da natureza,
mas sim de opções políticas. E que pode
ser enfrentada, combatida, derrotada e substituída
por uma outra globalização, baseada em valores
humanos e não nos interesses do mercado.
Segundo o comitê de organização
do Fórum Social Mundial, formado pelas oito organizações
brasileiras que deram origem a esse processo, o evento deste
ano será eminentemente propositivo. Ou seja, redes
mundiais e continentais de organizações da sociedade
civil apresentarão propostas concretas para enfrentar
os graves problemas que afligem a grande maioria da população
do planeta.
Deverá ser também
um espaço no qual venha a ocorrer uma tomada de posição
política sobre a situação atual do mundo.
É fundamental que, mais uma vez, o terrorismo seja
condenado de forma absoluta. E que, ao mesmo tempo, se defenda
uma opção de paz e de justiça social
para todos os povos.
O 1º Fórum Social Mundial representou simbolicamente
um ponto de ruptura de grande parte da humanidade com o pensamento
único neoliberal. O 2º Fórum Social Mundial
poderá representar outra ruptura, agora com a nova
versão do pensamento único, que quer impor ao
mundo uma só opção: ou se está
do lado do terrorismo ou do lado da política de guerra
do governo Bush. Trata-se, mais uma vez, de falsos caminhos.
É possível, sim, condenar o terrorismo e também
condenar a guerra.
Do primeiro evento até
hoje, houve um fortalecimento significativo das bases de sustentação
desse novo processo. Foi formado em junho do ano passado o
conselho internacional do Fórum, que reúne mais
de 60 redes mundiais e continentais de organizações
da sociedade civil. Em setembro, organizou-se o conselho brasileiro,
composto por entidades de todo o país. Comitês
de apoio têm surgido em dezenas de cidades brasileiras
e também em outros países, dando continuidade
a iniciativas que se originaram ainda antes de janeiro de
2001.
Fóruns preparatórios
para o evento de Porto Alegre estão sendo realizados
em vários partes do mundo. No início deste ano,
ocorreu no Máli o 1º Fórum Continental
Africano. Em novembro, já acontecera em Dacar, Senegal,
a segunda reunião do conselho internacional, voltada
para analisar a conjuntura internacional, amadurecer diretrizes
e fortalecer a representação da África.
Além das grandes conferências, o 2º FSM
terá centenas de oficinas e dezenas de seminários.
Dessa vez, além da PUC e da UFRGS, os eventos tomarão
conta de praticamente todos os espaços públicos
de Porto Alegre, inclusive estádios. O acampamento
internacional da juventude deverá reunir mais de 15
mil participantes de dezenas de países. As atividades
culturais, com artistas nacionais e internacionais, ocuparão
todas as noites.
O 2º Fórum Social
Mundial tem tudo para consolidar pelo menos três aspectos
que são fundamentais para todas as forças progressistas
no Brasil e no mundo: ampliar cada vez mais o contingente
dos que se contrapõem às políticas neoliberais;
politizar e dar maior dimensão às suas lutas;
e construir alternativas em nível local e internacional
à globalização neoliberal.
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