IS THIS IT

Front Back
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Sony/BMG

Ricardo Lage

É deste material que as

obras lendárias são feitas"

Joe Levy, na Rolling Stone

norte-americana.

Filhos de grandes músicos, papas do universo da moda e socialites, os integrantes da banda também se tornaram referências de comportamento - mas bem diferentes daquelas estabelecidas pelos mais célebres rebeldes do rock. Julian Casablancas, 36 anos, e seus parceiros são os responsáveis diretos por elevar o chamado indie aos mais altos índices de popularidade. Depois, Casablancas fez sucesso com o álbum solo Phrazes for the Young (2009), e a banda ainda lançou discos de grande repercussão, como Room on Fire (2003).

Não foi a primeira, mas talvez tenha sido a última ocasião em que se referiu, em peso, a um disco como "a salvação do rock" - e a assertiva fazia algum sentido. Ainda que com reminiscências às décadas passadas, Is This It parecia pavimentar um caminho novo, incorporando a simplicidade do melhor rock 'n' roll, com referências cultuadas (Stooges, Velvet Underground) porém repaginadas, que lhe davam a sensação de frescor. Justificadamente, encabeça quase todas as listas dos melhores da década no pop rock universal.

CINEMA

MÚSICAS

MÚSICAS

TV/SÉRIES

QUIZ/ENQUETE

NÃO EXISTE AMOR EM SP

"Criolo deu destaque ao rap brasileiro sem fazer um disco de rap, no sentido mais estrito do gênero. Não Existe Amor em SP é quase um trip-hop. Pode parecer um paradoxo, mas esse é um mérito. É um artista completo"

no especial Melhores de 2011

da Rolling Stone brasileira.

Front Back
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Criolo divide o protagonismo da cena que trouxe o rap para a pauta da cultura pop nacional com Emicida. MPB, funk, soul, blues e ritmos eletrônicos também estão no seu horizonte, mas são as letras que o diferenciam - e que o levaram ao status de cult e a parcerias, por exemplo, com Caetano Veloso. Tem 39 anos e apenas três discos lançados - Ainda Há Tempo (2006) e Convoque Seu Buda (2014), além do citado Nó na Orelha. A amostragem é pequena, mas suficiente para estabelecê-lo como um nome de destaque na música popular brasileira.

Criolo era Criolo Doido, rapper na ativa desde o fim dos anos 1980. Mas virou clássico ao abreviar seu nome e lançar o disco Nó na Orelha, tornando-se ícone maior de um movimento paulistano de hip hop mais light e menos combativo do que aquele encabeçado pelos Racionais MCs nos anos 1990. Não Existe Amor em SP é um dos hits do álbum, o mais simbólico de seus propósitos, aquele que melhor sintetiza sua salada musical e sua representatividade a partir da exaltação dos espaços públicos comuns a todos (ainda que por via torta).

BLOCO DO

EU SOZINHO

"Não é exagero dizer que o Los Hermanos é a banda brasileira mais inventiva e talentosa desde os Mutantes"

Jonas Lopes,

no site Scream & Yell

Entre o estouro com a música Ana Júlia (1999) e o lançamento do cultuado Ventura (2003), o Los Hermanos cativou uma multidão de fãs devotos com este disco melancólico, meio MPB, meio samba, mistura de ska e hardcore, indie rock e marchinhas de Carnaval, recheado de letras profundas com referências eruditas e populares. Sentimental, A Flor e Mais uma Canção embalaram uma geração inteira, mas o clássico instantâneo, música-símbolo da banda, foi a faixa de abertura Todo Carnaval Tem seu Fim.

Marcelo Camelo, 37 anos, e Rodrigo Amarante, 38, as duas cabeças pensantes da banda, chegaram a ser comparados à dupla Chico Buarque e Caetano Veloso (respectivamente), em exageros típicos desta nossa época - e que ajudam a dimensionar o quanto a banda mobiliza admiradores apaixonados. Ambos arrastaram parte desse séquito para seus novos projetos, mas nada que se compare ao que foi alcançado pelo Los Hermanos, verdadeira religião para as primeiras gerações da era do consumo digital de cultura.

Front Back
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SEVEN

NATION ARMY

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Este single do álbum Elephant tem um dos riffs de guitarra mais populares de seu tempo – um dos últimos do rock, segundo os apocalípticos amantes do gênero. Sua melodia de fácil absorção, pop na essência, ecoa em praças de esporte em todo o mundo, além de inspirar versões adaptadas para protestos políticos. São raras as listas de grandes músicas deste século sem Seven Nation Army - título que evoca a infância de seu autor, Jack White: era assim que o pequeno Jack se referia ao The Salvation Army, ou o Exército da Salvação.

O White Stripes era formado pelo casal Meg e Jack White, mas é ele o cara por trás do riff de Seven Nation Army. Além de integrar a dupla, Jack ainda fundou a Third Man Records, apareceu em filmes como A Todo Volume (2008), desenvolveu um trabalho relevante como produtor, fundou outras bandas (The Dead Weather, Raconteurs) e, em carreira solo, lançou discos como Lazaretto (2014), que acumulou a maior vendagem no formato vinil em pelo menos duas décadas. Um dos grandes nomes do rock atual. Tem 39 anos.

Front Back
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"Quando Seven Nation Army foi lançada, a música pop mudou para sempre. Pode não ser a melhor canção do White Stripes, mas foi a que os alçou à aclamação"

Dan Martin, no NME.

À PROCURA DA BATIDA PERFEITA

Front Back
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"Quando lançou o disco, D2 era 'apenas' o cara do Planet Hemp. Surpreendeu. Fez aquele que já é considerado o disco mais renovador da música brasileira recente"

Bruno Yutaka Sato,

na Folha de S. Paulo.

Defendendo bandeiras como a legalização da maconha, o Planet Hemp já registrava letras pessoais e em primeira pessoa de D2. Em carreira solo, o músico de 47 anos tornou essa característica ainda mais presente – entre os hits de À Procura da Batida Perfeita está Profissão MC, e entre seus outros discos estão Eu Tiro É Onda (1998) e Nada Pode me Parar (2013). Mas sua atuação além da banda tem caráter mais plural. E apelo pop certeiro – sintetizado em versos simples como os do hit Qual É ("Essa marra que tu tem, neguinho, qual é?", lembra?).

Com a banda Planet Hemp, surgida nos anos 1990, Marcelo D2 misurava música brasileira com ska e hardcore. Neste disco solo que marca o auge de sua maturidade artística, ele fechou o foco no samba e no rap. A influência de Afrika Bambaataa, precursor do hip hop, vem desde o título. A incorporação de gírias, referências nacionais e instrumentos como o cavaquinho garantem a brasilidade do álbum, consagrado com prêmios que vieram, inclusive, da Academia Brasileira de Letras.

BACK

TO BLACK

"Back to Black é um impressionante álbum de soul que absorve os sons de Motown e dos grupos femininos da década de 1960 e cospe-os de volta com brio, glamour e um toque contemporâneo"

Jude Rogers, na revista New Statesman

Front Back

Amy Winehouse ditou moda, cativou seguidoras, enfim, tornou-se um ícone geracional. Mas só chegou lá porque cantava as dores do amor com uma intensidade incomum. Sua breve carreira está quase que inteiramente resumida neste disco, espécie de contraponto da soul music à avassaladora moda rythm & blues que tomou conta do pop em seu tempo. Como o título indica, Back to Black é pura black music dos anos 1950 – repaginada com a visceralidade de Amy e uma produção impecável de Mark Ronson e Salaam Remi.

A mais recente integrante do chamado Clube dos 27, que reúne ícones do universo pop mortos tragicamente aos 27 anos (Kurt Cobain, Janis Joplin, Jimi Hendrix), Amy Winehouse chegou a ser comparada à Sarah Vaughan, mas, em vida, fez lembrar diversas divas do jazz imperfeitas do ponto de vista técnico, mas intensas, profundas e essencialmente doloridas em suas performances ao microfone. Na carona dela, vieram várias outras cantoras – nenhuma digna de ser chamada de um novo clássico da música.

Front Back
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THE

SUBURBS

Front Back
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"A banda parece ter entendido que era a hora de fazer um disco acessível para as massas e, ao mesmo tempo, com grandes ambições artísticas. Em outras palavras, um disco perfeito"

Emily Mackay, da NME

O casal formado pelo norte-americano Win Butler, 34 anos, e pela canadense Régine Chassagne, 37, ele neto de jazzistas, ela com ascendentes haitianos, constitui a alma desta quase "big band" formada em Montreal. Além das guitarras e da cozinha roqueira de baixo e bateria, usam piano, acordeom, violinos, violoncelos, xilofones e harpa em arranjos complexos para letras filosóficas sobre o dia a dia da juventude e sobre instituições como a família. Muitas vezes soando dançante – com uma potência que o indie rock raramente alcança.

Disco do ano no Grammy, número 1 de vendas em países como EUA e Inglaterra, o terceiro álbum de estúdio do Arcade Fire é um clássico instantâneo. Ainda mais do que o também consagrado Funeral (2004), seu disco de estreia, eleva o indie rock a um raríssimo patamar de sofisticação. Fã da banda, o cineasta Spike Jonze fez o curta The Suburbs com músicas do disco e uma trama sobre meninos de uma região de periferia dos EUA. Poucos álbuns são tão "cinematográficos" (com letras recheadas de imagens e histórias) quanto este.

GET

LUCKY

Front Back
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"O Daft Punk está afirmando: algo especial na música ficou para trás. Se as pessoas ainda usassem aqueles velhos aparelhos potentes de som, este registro gravado analógica e meticulosamente seria ideal para testá-los"

Mark Richardson, na revista Pitchfork.

Guy-Manuel de Homem-Christo, 41 anos, e Thomas Bangalter, 40, são o Daft Punk. Eles estão juntos desde os anos 1990. Passaram por todas as variações da música eletrônica - fizeram house, techno, acid, electro e synthpop, em hits como Around the World (1999) e Harder Better Faster Stronger (2009). São camaleões que se apresentam vestidos de robôs - o que ajuda a mistificá-los. Na França, há grupos semelhantes, inclusive consagrados por público e/ou crítica (o Air entre eles). Mas Get Lucky é uma canção de alcance inigualável na cultura pop.

A dupla francesa Daft Punk fez bons discos e apresentou boas canções antes, mas nunca "se deu bem" da forma como ocorreu com Get Lucky ("dar-se bem", inclusive no sentido sexual, é uma tradução possível para a expressão). Poucas melodias ganharam a cultura pop com a força desta música que incorpora a estética disco dos anos 1970 e se mostrou irresistível nas pistas de dança de diversos países (contam-se às dezenas aqueles que viram o single de Get Lucky figurar no topo das paradas).