ACESSO ILUMINADO
Campeão da Série C em 1998, o Avaí era o time mais longevo na Segundona do Brasileirão – e não era o que o Leão queria.
O acesso à elite já tinha passado perto em 2001 e 2004, mas escapou nas duas vezes e de forma bem dolorosa. Por isso, ao conquistar uma vaga na Primeira Divisão em 2008, a trajetória foi marcada por pequenos detalhes que fazem os avaianos se emocionarem até hoje.
Frio e chuva não combina com estádio lotado, certo? Errado. Aquela temporada foi marcada por uma Ressacada recheada de torcedores independentemente das condições climáticas, e foram muitos jogos com uma chuva fina, aquela que o manezinho chama de pelo de sapo. Outra coisa que marcou os torcedores em 2008 foi Evando, um atacante que nasceu para jogar de azul e branco.
São dois momentos inesquecíveis. O gol de bicicleta e o do acesso.
O MAIOR ARTILHEIRO DO FIGUEIRENSE
Em 2006, quando a Hora foi criada, Fernandes já era ídolo do Figueirense, mas acompanhamos como ele se tornou o maior artilheiro da história alvinegra. São 105 gols pelo Furacão, o primeiro e até agora único atleta a conseguir ultrapassar os 100 tentos pelo Figueira.
Fernandes é daqueles ídolos que é respeitado até por torcedores dos times adversários. Sim, ele é o maior artilheiro do Figueirense, mas muito de sua idolatria ele conquistou por sua atitude altruísta.
Além disso, sempre foi de marcar gols decisivos em clássicos e finais, um elemento que garante a qualquer jogador mais facilidade para cair nas graças dos torcedores. Na Hora a despedida dele foi capa!
O TÍTULO MAIS SABOROSO
Um time de renegados levou o Avaí a um triunfo que faz os torcedores azurras se emocionarem até hoje. Ao conquistar o título catarinense sobre o maior rival em 2012, o Leão conseguiu dar um alento a seu torcedor que tinha vivido no ano anterior um rebaixamento.
A equipe azurra não era a favorita. Hemerson Maria foi o treinador da conquista, ele assumiu o time interinamente depois da demissão do técnico Mauro Ovelha. A intensão era só tapar buraco até a diretoria encontrar um novo treinador, mas com Maria a equipe embalou e chegou na decisão contra o Figueirense.
Na Ressacada, vitória por 3 a 0, com direito a um golaço de falta de Cleber Santana. No Scarpelli, um novo triunfo por 2 a 1 e uma festa apoteótica.
VICE-CAMPEÃO DA COPA DO BRASIL
Uma coisa que qualquer torcedor do Figueirense gostaria de mudar na história do clube é aquela bola na trave de Victor Simões na decisão contra o Fluminense. Faltou pouco para o Furacão ser campeão da Copa do Brasil em 2007. Um time de operários, com toques de classe com Cleiton Xavier, que chegou à inédita decisão. O time era treinador por Mário Sérgio, com uma característica mais defensiva. Um dos destaques daquele Furacão era o zagueiro Felipe Santana, que depois foi negociado com o Borussia Dortmund, da Alemanha. No primeiro jogo, no Maraca, a galera alvinegra foi em peso. O time vencia por 1 a 0, gol de Henrique, mas no fim um gol contra do zagueiro Vinícius empatou o jogo. No Scarpelli, o hoje técnico do Grêmio Roger Machado fez o gol da tristeza.
A CONSAGRAÇÃO DE UM ÍDOLO
Nestes 10 anos a Hora viu uma promessa da base do Avaí voltar para casa e se tornar um dos maiores ídolos do Leão. Marquinhos já tinha passado pela Ressacada em 2006, depois de ter deixado o clube para defender o Bayer Leverkusen em 2000, mas foi em 2008 que ele ganhou status de ídolo. Avaiano declarado, o garoto de Biguaçu também estava no time de 2009 que fez bela campanha na elite. Ele ainda foi campeão catarinense no mesmo ano e também conquistou o improvável acesso à Série A em 2014.
Mas a imagem que simboliza melhor a paixão do Galego pelo Leão são as lágrimas dele em 2010, quando o Avaí escapou do rebaixamento. Para permanecer na elite o Avaí precisa vencer o Santos de Neymar na Ressacada. O time paulista saiu na frente e abriu 2 a 0, mas com três gols de Caio o Leão virou, se salvou do Z-4 e levou Marquinhos às lágrimas. Ele estava em um camarote do estádio e foi flagrado pela TV, o que fez ele perder o contrato com o Santos, seu clube na época.
GAROTOS DE OURO
Se hoje Rogério Micale faz sucesso com a seleção olímpica do Brasil, ele começou sua trajetória no Furacão. Ele foi o técnico que levou o Figueirense ao título da Copa São Paulo de Futebol Júnior, em 2008. Título que até hoje apenas o
Alvinegro conseguiu conquistar em Santa Catarina.
Daquela equipe apenas o volante Luan permanece no clube até hoje. Naquela edição, a Federação Paulista de Futebol havia mudado o regulamento e baixado a idade máxima de participação até 18 anos. Os grandes destaques daquela equipe foram o goleiro Gustavo, o volante Edson Galvão, o meia Talhetti e o atacante Marquinhos Júnior.
ELE ENTROU E FICOU NA HISTÓRIA DO CLUBE
O Avaí viveu tempos amargos. Além de não conquistar títulos, viu o rival crescer, se tornar o mais vencedor do Catarinense e subir para a Série A. A fase era tão ruim que a torcida alvinegra provocava:
– Fica, Zunino! – uma referência ao presidente azurra que desde 2001 comandava o clube.
Pois João Nilson Zunino ficou e entrou para a história. Não foi só o acesso de 2008 que ele conquistou, sua coroação foi em 2009 ao reconquistar o título do Catarinense ao vencer na decisão a Chapecoense, em uma grande atuação do ídolo Marquinhos.
Antes disso, o último título do Leão havia sido a Série C de 1998 e em Santa Catarina o Estadual de 1997. Zunino ainda veria seu time bicampeão em 2010 e em 2012 ao ganhar o Estadual em cima do Figueirense.
Debilitado por causa da luta contra um câncer, Zunino deixou a presidência em dezembro de 2013 e faleceu em dezembro de 2014.
CAMPANHA HISTÓRICA
Depois do acesso à Série A em 2010, o Figueirense chegou para o Brasileirão de 2011 pensando em permanecer. Só que o time conseguiu muito mais que isso. Com uma campanha quase impecável, o time do técnico Jorginho terminou o ano na sétima posição com 58 pontos, ficando a dois pontos da zona de classificação da Libertadores.
O time foi comandado por Wellington Nem e Julio Cesar, que recebeu o apelido de Imperador do torcedor alvinegro. Um atacante que na sua primeira temporada pelo time fez 11 gols e comandou uma equipe das mais talentosas que a torcida alvinegra já viu.
O MELHOR DA ELITE
Depois de 29 anos o Leão voltou a elite do futebol nacional, mas o início da campanha não foi nada empolgante. Nas seis primeiras rodadas nenhuma vitória. O Leão só conseguiu deixar a zona de rebaixamento na 12º rodada. Uma sequência de 11 partidas sem derrotas impulsionou o time que conseguiu terminar a temporada na sexta posição com 57 pontos, a melhor campanha de um time do Estado na Série A até hoje. A campanha credenciou Silas para treinar o Grêmio, que resultou na página ao lado.
GOLEADA NO RIVAL E ACESSO IMPROVÁVEL
Nos últimos anos o Figueirense se acostumou a contrariar as probabilidades. As chances de acesso para o Furacão na Série B de 2013 eram pequenas, mas o clube conseguiu embalar após uma goleada por 4 a 0 sobre o Avaí na Ressacada, um daqueles jogos que o torcedor alvinegro faz questão de não deixar os avaianos esquecerem.
Depois disso o time deu uma arrancada que culminou com a invasão à Bragança Paulista. Quatro mil alvinegros lotaram o setor visitante do Estádio Nabi Abi Chedid para ver o Furacão reconquistar sua vaga na elite, com gol de Éverton Santos.
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ANDRÉ PODIACKI
esportes@horasc.com.br
Em 10 anos, a Hora de Santa Catarina presenciou os principais eventos esportivos de Avaí e Figueirense. A dupla da Capital nunca deixou de estar nas páginas e capas do jornal. Da tristeza aos maiores triunfos, a Hora sempre acompanhou de perto as equipes de Florianópolis. Para comemorar, montamos um grande top 10, com cinco momentos para cada clube.
JORGE JR.
jorge.jr@horasc.com.br
O carro-chefe do esporte da Hora de Santa Catarina sempre foi Avaí e Figueirense, clubes que dividem a cidade por conta da grande paixão dos torcedores. É tanta paixão que sempre ouvimos que “a Hora é Figueira”, a “Hora é feita por avaianos”, e por aí vai. Mas sempre demos espaço para outras modalidades esportivas porque a gente gosta de mostrar gente no jornal. Ser plural é algo que a Hora sempre buscou e vai buscar, podem acreditar. Por isso, pegamos 10 assuntos que tiveram destaque na nossa história, que está apenas começando. Quem acompanha a sessão “Nossa Área”, que destaca o esporte local, sabe do que estamos falando.
ESPAÇO DA BOLA PESADA
O futsal é assunto que a Hora trata com carinho. O Floripa Futsal nos representam na principal competição do país e estamos sempre ao lado do clube, inclusive viajando junto para contar histórias, como o esforço que é feito para manter o time de pé.
Os personagens são em sua maioria da região, que ajudam a fortalecer o vínculo da Hora com a Grande Florianópolis. O ex-jogador Antônio Mafra, com 15 anos defendendo o clube dentro de quadra, agora é técnico do Floripa e um exemplo de amor à camisa.
LUTANDO JUNTOS
Não importa se é ringue ou octógono, a Hora também calçou as luvas e foi acompanhar os eventos da nossa região e também Brasil afora. Tivemos representantes daqui no reality show The Ultimate Fighter, temos lutadores contratados pelo UFC e por outros grandes eventos do planeta. Acompanhamos todos bem de perto, as vezes com o sangue misturado com suor respingando na lente da câmera.
Vimos Anderson Silva se tornar mito, para mais tarde acompanharmos ele ser derrotado. Júnior Cigano faturou o cinturão do UFC e saiu aqui, assim como os eventos locais tiveram o mesmo espaço.
E temos também histórias, como o ex-morador de rua que foi lutar na Rússia, Maurício “Bad Boy” Machado, ou o primeiro catarinense a assinar com o Ultimate, Fabiano Iha (foto), nos recebendo dentro de casa, na beira da Lagoa da Conceição, falando sobre a época que o esporte era vale-tudo.
O ÍDOLO GUGA
A despedida de Gustavo Kuerten das quadras foi em 2008, em Roland Garros, mas antes ele disse adeus ao saibro brasileiro no Brasil Open – quando ainda era disputado no Costa do Sauípe, na Bahia. Seu discurso emocionou muito ao público e foi capa da Hora.
– Isso é mais difícil do que ganhar Roland Garros para mim. É muita coisa inesperada, muita emoção. Antes de entrar na quadra, de uma hora para a outra, vieram todas lembranças que o tênis me trouxe. A cada dia que passa, vejo que o tênis simboliza minha vida. Eu amei este esporte, vivi intensamente os anos em que pude jogar meu melhor, vivi mais intensamente ainda os anos em que tive minhas maiores dificuldades, e hoje saio super feliz e satisfeito, e muito orgulhoso por esse carinho que consegui conquistar – disse ele na época.
Mas a Hora também fez festa para Guga quando ele entrou no Hall da Fama do tênis, em 2012, e ano passado, quando comemorou os 15 anos de quando ele chegou ao topo!
NOSSA ÁREA
Última novidade na Hora, a Nossa Área tem o objetivo de contar histórias relacionadas ao esporte. E a modalidade é o de menos, já que o esportista é que merece o destaque. Até aqui temos colecionados grandes personagens, uns indo para a Paralimpíada, outros que deram uma mudança na vida e quem tenta, em sua comunidade, transformar o futuro de muitas crianças como o Wesley, que vai passar por um período de treinos no Real Madrid, na Espanha. A Nossa Área é a sua área!
A INESQUECÍVEL CIMED
A Hora nasceu depois, mas acompanhou de perto três títulos da Superliga Masculina de Vôlei – a primeira taça veio antes do jornal ir para as ruas. Foram muitos craques que passaram pelo Ginásio Capoeirão, todos também com passagens nas páginas do jornal. Do time que conquistou o ouro olímpico no Rio, domingo passado, estavam em quadra Bruninho, Éder e Lucão, craques que nasceram para o vôlei em Floripa. Além deles, Renan Dal Zotto, gestor na época da Cimed, Renato Bacchi, preparador físico, e Kleevansostins Albuquerque, massagista, também fizeram parte do time e comemoraram o ouro no Maracanãzinho, palco de um dos títulos históricos da Cimed. O time acabou em 2012.
A ONDA É NOSSA
A Grande Florianópolis tem muitas praias e muitas ondas, por isso o mar sempre esteve bom para a Hora falar de surfe. Hoje temos o campeão mundial Adriano de Souza, o Mineirinho, morando na Ilha. Gabriel Medina é outro campeão do mundo que competiu muito na nossa área antes de virar uma estrela mundial, e já recebemos também as feras aqui em etapas do WCT, com a Hora cobrindo junto Kelly Slater e o falecido Andy Irons, que rivalizavam na época.
Mas a nossa principal surfista também foi destaque, entramos no mar com Jacqueline Silva e mostramos um dia completo com ela, que sempre nos representou muito bem. A turma da prancha é coisa nossa!
NÃO TEM IDADE
O esporte vai da criança ao idoso, e eles também fazem parte desta história de 10 anos da Hora. Seja a turma mais veterena que joga bola na AABB de Coqueiros, com craques na casa dos 80 anos, como uma geração de garotos que adotou o visual moicano porque Neymar, na época aparecendo para o futebol, era a moda do momento.
Ajudar a divulgar projetos de professores que fazem tudo com amor, como existe em bairros de Palhoça e muitos outros, é papel fundamental para nós!
EM CAMPO COM O AMADOR
Está no DNA da Hora o futebol amador, seja nos campos de Águas Mornas, Antônio Carlos, Biguaçu, Florianópolis, Governador Celso Ramos, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, São José, Palhoça, Tijucas, com gramados perfeitos ou cheios de lama, como na areia, quadra e sintético. Está na história do jornal da premiação de Melhores do Amador, um evento profissional para os atletas que fazem a alegria das comunidades vestindo a camisa do time do bairro.
Já teve apelidos estranhos, cachorro no campo, juiz agredido, uniforme trocado, campo alagado e muito mais. A expressão “futebol amador” está ligada ao Hora, tanto que já saiu mais de 4 mil vezes no jornal, que tem 3.113 edições. Hoje seguimos apoiando o esporte, sem uma coluna diária, mas informando aos finais de semana e segunda-feira, contando a história de personagens que são referências em suas áreas.
COLUNISTA DE
ONTEM E DE HOJE
A Hora sempre teve opinião, desde a primeira edição. O Esporte segue com um time completo de colunistas. Vale lembrar de quem não está mais no jornal, com menção ao grande Tullo Cavallazzi, que inaugurou o espaço das Paixões ao lado do Ivens W. Abreu e hoje não está mais entre nós. Fica a nossa homenagem aos opinadores.
GRANDES EVENTOS
Três Olimpíadas, duas Copas do Mundo e um Pan-Americano no Brasil. A Hora tem história para contar grandes eventos, tanto que a Olimpíada acabou semana passada e ainda deixa saudade. Ainda não tivemos a honra de cobrir o hexacampeonato, mas tentamos. Os torcedores daqui, sem grana para viajar, fizeram de suas casas um verdadeiro estádio para acompanhar a Seleção em 2014. Em 2010, na África do Sul, também não deu para ver o Brasil ganhar. Já os Jogos Olímpicos, pra nós, começaram em 2008, na China, passaram por Londres e depois Rio. Estamos rumo a Tóquio!
QUEM FEZ
Repórter
André Podiacki
Editor
Jorge Jr.
Designer
Janaína Laurindo
Fotografia
Equipe fotografia