O poder público

Comandante

do policiamento preventivo em Santa Maria, o coronel Worney Dellani Mendonça explica por que que os policiais não permanecem no Calçadão por mais tempo à noite:

 

_Existe uma dinâmica operacional, que é estabelecida semanalmente, baseada em uma série de fatores que determinam a atuação da Brigada Militar e os locais que são prioridade, em especial de acordo com o horário, tipo de ocorrência etc. O policiamento ostensivo não é estático.

 

À frente do comando regional da Brigada Militar, coronel Worney reafirma que a BM tem uma estratégia para frear o crescimento da violência no Centro e faz um alerta:

 

_ Foi adotada uma dinâmica operacional de abordagem, revista pessoal, identificação e encaminhamento legal. Isso tem sido feito diariamente e de forma contínua com apreensão de armas e drogas. Porém, carecemos do acompanhamento dos pais ou responsáveis na rotina de seus filhos – diz Worney.

 

Desde o começo do ano, a BM organizou pelo menos cinco operações especiais de revista e abordagem na cidade. Além do resultado das apreensões, o ganho é na intimidação da violência.

"O pior é a escuridão. É uma escuridão só! A Brigada chega uma hora que desaparece. A gente vê muito vandalismo, vê gente chutando lixeira e porta, mas não podemos fazer nada. Tinha que ter policiamento aqui o tempo todo, tem um fluxo muito intenso de pessoas."

Homem que trabalha no Centro e não quis se identificar

A presença de grupos de adolescentes no Centro é acompanhada pelo coronel. Segundo ele, é errado chamá-los de bondes, como muitos se intitulam:

 

_ Uma das origens do termo está relacionada a grupos que fazem segurança de traficantes no Rio, o que não nos parece ser o caso de Santa Maria. Aqui, trata-se de grupo de jovens com identificações em comum, por frequentarem a mesma escola e bairro, terem o mesmo gosto, praticarem o mesmo esporte ou apenas serem amigos. Entretanto, alguns grupos acabam por se envolver em discussões, rixas, uso de drogas, que acabam evoluindo para casos de agressões, pequenos delitos e até furtos e roubos. Eles têm sentimento de autoproteção e, por vezes, se utilizam de armas, principalmente facas e facões. Isso não é regra, pois muitos grupos são apenas de amigos ou conhecidos que se reúnem para conversar, namorar  _ diz o coronel.

 

 

 

Superintendente da Guarda Municipal de Santa Maria, Luiz Oneyde Martins Gonzatto reconhece que há grupos de jovens que causam problemas na área central:

 

_ Já prendemos, já corrigimos, mas a maioria deles é menor de idade e volta. Eles gostam muito de agitar. Se estamos no Calçadão, eles vão para a Praça Saturnino de Brito. Se não der o acaso de pegarmos armados, eles são soltos de novo. Não tem uma lei que permita prender alguém porque está incomodando no Calçadão _ afirma.

 

Além disso, diz o responsável pela Guarda, a segurança da população não é o foco dos guardas:

 

_ A Guarda faz um trabalho preventivo do patrimônio. Não vamos nos omitir se der briga. Se alguém for assaltado, vamos agir. Mas não é o nosso foco _ argumenta Luiz Oneyde, ressaltando que em 2016 passa a virgorar uma lei que garante poder de polícia às Guardas

"Me sinto seguro e vejo bastante policiamento."

Vitor Friedrich, 16 anos, estudante

"Tenho medo de andar sozinha porque várias amigas já foram assaltadas, inclusive uma delas foi assaltada de dia, na Dr. Bozano. Comigo não aconteceu nada ainda, mas tenho medo porque faço faculdade na Unifra e passo pelo Calçadão todo dia. Tenho visto bastante policiamento, mas de uns dias pra cá só."

Cibele do Amaral Adamy, 24 anos, Estudante

Reportagem

Manuela Macagnan

Edição de textos

Silvana Silva

Fotos e Vídeos

Germano Rorato

Design e desenvolvimento

Rafael Sanches Guerra

"Deveria ter mais policiais na rua"

diariosm.com.br