Ascânio
SELEME
gestor com
faro de repórter
TEXTO | emerson gasperin
Ascânio Seleme tinha 16 anos e nem sabia que profissão teria quando viu o nome impresso pela primeira vez em um jornal. Foi em 1972, no Correio do Norte, semanário de sua cidade natal, Canoinhas. Era uma carta em que dava o endereço na Filadélfia, nos Estados Unidos, onde estava fazendo intercâmbio estudantil, e pedia para amigos e familiares lhe escreverem. Lá, acabou descobrindo a vocação que o levaria a um dos cargos mais cobiçados da área no Brasil.
– Ao participar da equipe que editava o boletim informativo da escola, decidi que seria jornalista – lembra o diretor de redação de O Globo.
Até chegar ao topo do diário carioca, Seleme subiu degrau por degrau. Depois de se formar na PUC de Belo Horizonte, em 1981, estreou como repórter na sucursal florianopolitana do Jornal de Santa Catarina. Na sequência, transferiu-se para a TV Cultura. Com a venda da emissora, no ano seguinte, perdeu o emprego. A demissão acabou sendo a melhor coisa que lhe aconteceu para deslanchar na carreira.
Sem trabalho na capital catarinense, ele resolveu tentar a sorte no Rio de Janeiro. Nunca mais voltaria para o Estado, a não ser na condição de turista – o pai tem alguns imóveis na praia de Canasvieiras, na Ilha. Passou pela TVs Globo e Manchete, pelas revista IstoÉ e pela Gazeta Mercantil. Em 1988, ingressou na sucursal brasiliense de O Globo, veículo pelo qual passaria quatro anos como correspondente em Paris e ganharia três prêmios Esso: dois na categoria Reportagem (1995 e 1999) e um em Informação Científica, Tecnológica e Ecológica (1996).
O posto que ocupa desde agosto de 2011 exigiu que, à bagagem de repórter, Seleme somasse expertise de gestor para renovar um produto cujo futuro é digital, mas tem as contas pagas pelo velho e bom papel. Uma de suas marcas foi a criação do primeiro vespertino nacional para tablet, O Globo a Mais, que circula de segunda à sexta às 18h com conteúdos exclusivos. Com a crise política, econômica e, sobretudo ética que assola o Brasil, o pouco tempo que já tinha para ver o Flamengo jogar ou assistir a um filme ficou ainda menor.
– É um momento triste para o país, mas riquíssimo para o jornalismo – garante.
Em 1999, Ascânio Seleme (D) com os jornalistas Chico Otávio e Amary Ribeiro Jr na entrega do Prêmio Esso de Reportagem. Crédito: Fernando Quevedo, O Globo
Seleme na sede de O Globo, no Rio de Janeiro, onde ocupa atualmente o cargo de diretor de Redação. Crédito: Marcelo Carnaval, Arquivo O Globo
ONTEM
Eu acreditava que…
a democracia tinha que ser defendida como prioridade absoluta
Eu me empolgava com…
os furos que dava
Em um bom jornal não podia faltar…
notícia
A opinião pública se escandalizava com…
os desvios milionários dos cofres públicos
Um repórter era visto como…
um caçador, um garimpeiro de notícias
Em minha carreira, só faltava…
ser editor de jornal
Faziam piada comigo porque…
eu era muito pessimista
Eu tinha inveja dos…
furos que outros jornalistas davam
Eu usava o computador para…
ler e-mails e escrever matérias
Eu via Santa Catarina como…
um recanto íntimo para onde corria sempre que precisava relaxar
HOJE
Eu acredito que…
a democracia sobrevive graças à defesa prioritária e absoluta que se faz dela
Eu me empolgo com…
os furos que meus repórteres dão
Em um bom jornal não pode faltar…
análise
A opinião pública se escandaliza com…
os desvios bilionários dos cofres públicos
Um repórter é visto como…
um caçador, um garimpeiro de notícias
Em minha carreira, ainda falta…
concluir a transição do papel para o digital
Fazem piada comigo porque…
sou muito otimista
Eu tenho inveja dos…
furos que outros jornais dão
Eu uso o computador para…
ler e-mails, escrever matérias e todo o resto
Eu vejo Santa Catarina como…
o recanto íntimo onde me recolherei quando me aposentar
QUEM SOMOS
Repórteres
Editora
Editor de fotografia
Ilustrador
Designer
Editora de design e arte
Editora de design