Mesmo consciente de que a casa septuagenária que comprou há 18 anos não era coberta pelas leis que protegem o patrimônio edificado, o arquiteto Maurício Cesar Ribeiro não teve dúvidas ao decidir sobre o seu futuro. Igual a tantas outras construções antigas do bairro Glória, a de número 1.420 da rua 15 de Novembro não traz muitos requintes à arquitetura, mas, para um joinvilense, tem um significado especial.
Eu sempre gostei da linha arquitetônica de Joinville. Acho charmosa afirma Maurício.
Foi neste endereço que o arquiteto optou por manter a antiga construção e incluí-la no projeto de seu novo escritório. O imóvel, inicialmente residencial, já havia se rendido ao setor comerciais quando Maurício o adquiriu. O passado de clínica odontológica e imobiliária impactou em algumas mudanças no imóvel no decorrer dos anos.
Como somente as características básicas da planta foram mantidas no passado, o arquiteto aproveitou para incluir mais conforto nas instalações internas. O assoalho de madeira foi substituído por piso cerâmico, assim como o reboco de barro e as telhas, não mais encontradas para compra. O alpendre da planta original também precisou ser fechado com vidros para virar a recepção do escritório.
A necessidade por mais espaço foi um desafio para Maurício. A construção precisou ser ampliada sem que a nova área não agredisse a antiga residência.
A ideia era de que a parte nova se compusesse harmonicamente com a arquitetura da casa afirma.
A solução foi encontrada no uso de vidros no lugar das paredes frontais e no cuidado com os detalhes. Os tijolos à vista usados no anexo contemporâneo foram reaproveitados da demolição de uma casa antiga no bairro Anita Garibaldi. O muro de vidro também ajudou a valorizar o imóvel, hoje referência na região.
Às vezes, nem é preciso passar o endereço completo, só descrever a casa orgulha-se o proprietário. Ele conta ainda que a iniciativa de ocupar uma construção antiga fez com que muitos clientes passassem a ver este reaproveitamento com outros olhos.
A restauração não impede que o escritório escape da umidade e das infiltrações, problemas muito comuns em imóveis antigos. Segundo Maurício, a manutenção é frequente no local.
Se a pessoa tiver um apego com a casa, acho que vale muito a pena preservá-la. Mas deve-se levar em conta que os custos são altos avalia o arquiteto.