| 03/11/2005 18h58min
O ex-chefe de gabinete do vice-presidente norte-americano Dick Cheney, Lewis Libby, reafirmou hoje que é inocente das acusações que enfrenta no caso do vazamento do nome Valerie Plame, espiã da CIA, à imprensa.
– Com respeito, meritíssimo, me declaro inocente – disse Libby ao juiz federal Reggie Walton, depois da leitura das cinco acusações contra Libby por obstrução à Justiça, falso testemunho (mentir ao FBI) e perjúrio (mentir a um júri).
– O incrível deste caso é que a maioria das testemunhas, tanto da defesa como da acusação, será de altos funcionários da Casa Branca – disse Jack King, porta-voz da Associação Nacional de Advogados Defensores. Segundo ele, o próprio Cheney pode se ver obrigado a testemunhar.
Segundo King, é possível que Libby e as testemunhas só compareçam ao tribunal em meados de 2006. O promotor Patrick Fitzgerald, que liderou a investigação durante quase dois anos, deixou claro que, apesar de o grosso do inquérito ter passado, nem tudo foi encerrado.
O escândalo que comoveu a vida política americana começou em julho de 2003, quando apareceu publicado na imprensa o nome de Valerie Plame, até então uma espiã da CIA. A ocupação secreta de Valerie foi divulgada pouco depois de o marido, o ex-diplomata Joseph Wilson, acusar o governo de George W. Bush de manipular a informação de inteligência para justificar a invasão do Iraque.
Fitzgerald não conseguiu acusar a ninguém de cometer o crime de vazar o nome da espiã, pois para isso o delator teria que ter agido de propósito, o que ainda não foi provado. Entre os altos funcionários que continuam sob a lupa de Fitzgerald está Karl Rove, principal assessor político, mão direita e arquiteto das vitórias eleitorais de Bush.
O Partido Democrata, de oposição, afirmou que Rove deveria renunciar. Joseph Wilson também exigiu a cabeça de Rove, em um pedido surpreendentemente apoiado por alguns parlamentares republicanos, como Trent Lott, ex-líder da maioria republicana no Senado.
O "caso Plame" fez ainda com que os motivos alegados pelo governo Bush para travar a guerra contra o Iraque retornassem ao centro das atenções nos Estados Unidos.
Os senadores democratas adotaram na terça-feira a decisão extrema de convocar uma sessão secreta, medida excepcional à que se recorreu poucas vezes, para protestar contra a lenta investigação sobre os motivos do governo para justificar a guerra contra o país árabe, iniciada em março de 2003. No final da controvertida sessão, foi formado um grupo bipartidário integrado por seis senadores - três democratas e três republicanos - que emitirá um relatório em meados deste mês acerca da situação da segunda fase da investigação sobre os argumentos utilizados para invadir o Iraque.
Em meio à celeuma, aumenta a especulação sobre uma possível "reestruturação" na Casa Branca. Harry Reid, líder da minoria democrata no Senado, e o representante (deputado) Chuck Schumer, também democrata, pediram hoje em carta a Cheney a
realização de "mudanças
significativas" de pessoal. A Casa Branca, por enquanto, não se pronunciou.
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