O relator do processo disciplinar contra o deputado José Dirceu (PT-SP) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, Júlio Delgado (PSB-MG), considerou o depoimento da presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, o mais instrutivo até agora. Ela prestou depoimento hoje como testemunha indicada pelo PTB no processo.

– Até então tínhamos conhecimento de que os encontros de José Dirceu com Marcos Valério eram sociais e eventuais. Ele (Valério) foi responsável pelo agendamento de todos os encontros do Banco Rural e tinha relação profunda com José Augusto – disse, referindo-se a José Augusto Dumont, ex-vice presidente do Banco Rural morto em um acidente em 2004.

Delgado disse que Kátia Rabello tinha conhecimento de que os empréstimos de Marcos Valério foram usados para pagamento de dívidas e de parlamentares. No depoimento, Kátia disse que Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, confirmou o repasse para pagar dívidas do partido – mesmo os empréstimos de Marcos Valério. O relator destacou que os saques feitos no Banco Rural tinham procedimentos incomuns.

– A transação era diferenciada, o cliente era diferenciado e o empréstimo é altamente suspeito – afirmou Delgado.

A presidente do Banco Rural disse que, para conseguir empréstimos no Banco Rural, Marcos Valério falava das contas dos clientes públicos e privados, como forma de assegurar que tinha condições de quitar a dívida. Kátia Rabello disse que se encontrou duas vezes com o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, mas não falaram sobre empréstimos para o PT. Os encontros, segundo Kátia, tinham o objetivo de manter a interlocução entre o Banco e a Casa Civil.

O deputado José Dirceu deve prestar depoimento no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara na próxima terça.