| 31/08/2005 22h22min
O relatório das Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito (CPIs) dos Correios e do Mensalão vai sugerir a cassação de 18 deputados. O documento, de acordo com o Jornal Nacional, traz provas do pagamento do mensalão – a mesada que supostamente seria concedida a parlamentares da base aliada para que votassem com o Planalto.
O relatório, que só ficou pronto no começo desta noite, é composto por 53 páginas. Segundo o texto dos relatores que vai ser apresentado, nesta quinta-feira, às duas CPIs, não há legitimidade em mandatos financiados com dinheiro ilegal.
O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), adiantou que não incluirá o nome do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), beneficiado pelo esquema de caixa 2 do empresário Marcos Valério em 1998.
– Não há senador na lista – revelou, em contraste com as declarações que havia feito no dia anterior, quando sugeriu a presença de Azeredo na lista dos cassáveis.
Apesar da montanha de documentos colhidos pelas CPIs dos Correios e do Mensalão, Serraglio irá concentrar seu parecer nas denúncias de irregularidades veiculadas pela imprensa e no clamor da opinião pública.
Segundo o deputado, o relatório irá nominar os cassáveis levando em consideração três princípios ilícitos: quem usou o cargo para arrecadar dinheiro para partidos, quem fez saques nas contas de Marcos Valério e tentou encobrir a origem dos recursos, e quem se utilizou de caixa 2 para cobrir despesas de campanhas eleitorais. Serraglio também vai dividir os acusados em categorias, conforme o grau de gravidade do suposto delito. Os mais encrencados seriam José Dirceu (PT-SP) e Roberto Jefferson (PTB-RJ), as duas locomotivas da crise política. Serraglio, porém, garante que não irá fazer juízo de valor.
O relator garante que as investigações não se encerram com a divulgação do relatório parcial e diz não acreditar numa operação-abafa para evitar uma cassação generalizada. Entretanto, os recentes pronunciamentos do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), acenando com a possibilidade de pizza, estão mobilizando a oposição. Segundo o deputado federal Onyx Lorenzoni (PFL), a bancada oposicionista irá pressionar para que o relatório seja votado separadamente pelas CPIs dos Correios e do Mensalão, e não numa sessão conjunta, como está previsto.
O relatório também condena a nomeação nas empresas estatais como forma de arrecadação para os partidos políticos e diz que a prova do esquema é Jefferson, que vivenciou os fatos.
Sobre o mensalão, o texto diz que o pagamento a parlamentares existiu, não importando se mensal ou não. E que os operadores do esquema eram Marcos Valério e o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares.
O relatório também cita artigos do regimento interno que obrigam o presidente da Câmara a mandar os nomes dos deputados diretamente para o Conselho de Ética.
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