| 30/08/2005 19h02min
Deputados federais reagiram hoje ao pronunciamento do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), em que ele disse que não permitirá a condenação de inocentes. O presidente da Casa se referia a processos de cassação movido contra parlamentares que estariam envolvidos com o suposto pagamento de mesadas no Congresso, o mensalão.
Depois de pedir a palavras várias vezes, Fernando Gabeira (PV-RJ) disse que Severino usa a presidência de forma indigna e que não é compatível com o cargo, o qual estaria usando para interceder em favor da empresa Gameleira, acusada de explorar mão-de-obra escrava.
– Vossa Excelência está em contradição com o Brasil. A sua presidência é um desastre para o Brasil. Ou fica calado ou iniciamos um movimento para retirá-lo do cargo – disse Gabeira.
Severino reagiu aos berros.
– Vossa Excelência, recolha-se a sua insignificância. Não aceito as suas palavras.
Os deputados do baixo clero saíram em defesa de Severino. Benedito de Lira (PP-AL), por exemplo, disse que Gabeira tem um ranço contra Severino.
Severino disse que quando falou que não havia mensalão na Câmara estava repetindo o que disse o relator do processo contra o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) no Conselho de Ética, deputado Jairo Carneiro (PFL-BA).
O líder da Minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), disse que louvava a afirmação de Severino de que não haverá operação abafa para evitar a cassação de parlamentares envolvidos no esquema do empresário Marcos Valério, mas afirmou que a Câmara está perdendo a batalha da comunicação porque a imagem da Casa está muito arranhada, inclusive por declarações do próprio Severino.
Segundo Aleluia, ao afirmar que não existe comprovação da existência do mensalão e apoiar uma pena mais branda para o caixa dois, Severino jogou toda a Câmara na vala comum. Embora Severino tenha frisado que falava como cidadão, Aleluia disse que não há como dissociar o presidente da Câmara do cidadão comum.
O pefelista disse ainda que não há como trocar uma possível cassação dos mandatos dos parlamentares por penas de advertência e afirmou que Severino deixou a Câmara em situação ainda mais desconfortável.
– Foi extermamente infeliz, fomos todos execrados, colocados numa vala comum. Passa a idéia que nós todos queremos abrandar e que não existe nenhuma irregularidade na Câmara – afirmou.
Segundo Aleluia, ao afirmar que o dinheiro recebido pelo PP foi usado para pagar advogados para defender o mandato do deputado Ronivon Santiago (PP-AC), Severino jogou Ronivon na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) do Mensalão. Aleluia afirmou ainda que o próprio Severino poderia ser convocado para dar declarações às CPIs.
– Não é nada agradável ver um presidente da Câmara convocado por CPI – disse Aleluia.
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