| 04/08/2005 18h13min
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), vice-presidente da CPI do Mensalão, suspendeu o depoimento do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) depois que o petebista rasgou a cópia de uma reportagem encaminhada pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Na reportagem publicada num jornal de Aquidauana (MS), segundo Suplicy, a dona de um restaurante conta que viu Maurício Marinho, ex-diretor de Contratações dos Correios acusado de corrupção, almoçando com Jefferson, como se fossem grandes amigos. Sentindo-se acuado diante da possível confirmação de sua possível amizade com Marinho – o que sempre negara – Jefferson tentou contra-atacar:
– Vossa excelência praticou um ato que se fosse eu estaria preso. Disse que viu a esposa de um cidadão da CPI do Orçamento desfilando na escola de samba em Nova York e ela morta a golpes de picareta, enterrada num quintal aqui em Brasília. A Vossa excelência tudo se perdoa – rebateu Jefferson.
Em seguida, Suplicy encaminhou a cópia da reportagem ao petebista, que na mesma hora rasgou o documento. Paulo Pimenta, então, ficou indignado e suspendeu a sessão:
– Vossa excelência não tem autoridade para receber um documento que foi encaminhado à Mesa e rasgá-lo. Esta atitude não é uma atitude condizente com o trabalho que está sendo realizado na CPI.
Questionado por Suplicy, Jefferson também afirmou que só dirá o que fez com os R$ 4 milhões que diz ter recebido como doação por caixa 2 do PT quando julgar oportuno.
– Como o senhor não diz o destino do dinheiro, poderíamos então entender que os R$ 4 milhões foram para a compra de votos de um esquema que o senhor chama de mensalão? – perguntara Suplicy.
Jefferson negou e garantiu que o PTB não fez nada com a verba, mas ele, sim. O senador petista pediu, então, que ele dissesse o que havia feito com a quantia milionária, pois, segundo Suplicy, é uma questão que o Brasil inteiro deseja esclarecer.
– Não será por meio de Vossa Excelência. Só na oportunidade que eu achar conveniente – respondeu o petebista.
Mais cedo, Jefferson já havia se recusado a revelar os nomes dos candidatos de seu partido que teriam sido beneficiados pelos R$ 4 milhões, sem registro na Justiça Eleitoral. Jefferson assumiu sozinho a responsabilidade pela distribuição do dinheiro. Segundo ele, o tesoureiro do PTB, Emerson Palmieri, participou apenas da decisão de como seria dividida a quantia.
As informações são da Agência O Globo.
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