| 14/06/2005 21h37min
Depois de sete horas de trabalho, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados encerrou o depoimento do presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson, nesta terça, dia 12. Jefferson confirmou todas as denúncias que fez à Folha de S. Paulo e também confessou ter recebido R$ 4 milhões do PT para a campanha eleitoral de 2004. Em relação às acusações de que faria parte de um esquema de corrupção nos Correios, ele negou qualquer envolvimento.
Enquanto os deputados da base governista faziam duras críticas ao deputado – questionando seu silêncio até o momento, suas relações no Correio e pondo sua credibilidade em dúvida – a oposição apoiou firmemente o presidente do PTB.
O líder do PSB na Câmara, deputado Renato Casagrande, disse que, com a declaração de que recebeu R$ 4 milhões para financiar a campanha política do PTB em 2004, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) torna-se um réu confesso.
– Ele assumiu que recebeu R$ 4 milhões para financiar campanhas eleitorais com recursos sem origem legal. É confissão de um crime. O PT pode ainda questionar se deu ou não o dinheiro. Já Roberto Jefferson sai daqui como réu confesso – disse Casagrande.
O deputado do PSDB de São Paulo, Carlos Sampaio, afirmou que Jefferson não tinha a obrigação de trazer provas documentais para seu depoimento e que a obtenção das mesmas era tarefa dos investigadores da Câmara e da polícia. Sampaio afirmou que há indícios fortes de que as denúncias de Roberto Jefferson são verdadeiras e que tudo deve ser investigado. O deputado Rodrigo Maia (PSDB-RJ) reiterou o apoio tucano no encerramento dos trabalhos.
Ao ser questionado porque demorou tanto para fazer as denúncias, já que o pagamento do mensalão, segundo ele mesmo, ocorria desde 2003, o presidente do PTB disse que partiu para o ataque quando viu o partido acuado pelas denúncias de corrupção nos Correios. Jefferson disse que tentou o caminho do diálogo, sem sucesso, ao conversar com ministros.
A deputada Ann Pontes (PMDB-PA) perguntou ao depoutado porque ele levou as denúncias à mídia e não ao Conselho de Ética da Câmara. Jefferson afirmou que integrantes do Conselho já sabiam do fato, mas não deu mais explicações. Ann também perguntou se o deputado teria feito as denúncias se o seu nome não tivesse sido envolvido na denúncia de corrupção nos Correios. O presidente do PTB disse que depois de ter procurado Lula, passou a ser visto como ameaça e o partido foi alvo de ações desmoralizantes. Jefferson diz que fez às denúncias à mídia porque as acusações contra o PTB já estavam nos meios de comunicação.
Durante a sessão, o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) solicitou ao conselho que providencie proteção policial à Fernanda Karina Ramos Somaggio, ex-secretária do publicitário Marcos Valério, apontado por Jefferson como um dos operadores do mensalão. Nesta terça, o site da revista IstoÉ Dinheiro publicou uma entrevista com Fernanda, onde ela confirma as informações dadas pelo presidente do PTB.
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados tem nova reunião de trabalho marcada para a quinta-feira, dia 16, às 10h.
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