Confiante na rearticulação de sua base aliada, o governo acredita ser possível derrotar a oposição e enterrar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para averiguar denúncias de corrupção nos Correios.

A avaliação foi feita nesta terça, dia 31, por aliados e pelo ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, depois de uma reunião na residência do líder do PP, deputado José Janene (PR), na noite de segunda-feira. O objetivo é derrubar o requerimento de criação da CPI, de autoria da oposição, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.

– Nós já temos uma maioria constituída e vamos usá-la. A possibilidade de aprovar a inconstitucionalidade é muito concreta – enfatizou o líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA).

Na segunda-feira, o governo admitia a possibilidade de a CPI ser instalada e trabalhava para controlar a presidência e a relatoria da Comissão. Mas até o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), um dos cotados para assumir a relatoria, foi taxativo ao afirmar que não seria preciso um relator porque não haveria CPI.

Também nesta tarde, o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL) fixou a semana que vem como prazo máximo para a indicação de integrantes da CPI. A oposição já apontou seus nomes. Na sessão do Congresso em que se criou a CPI dos Correios, o governo tentou uma manobra "desarticulada", como classificaram líderes governistas, para impedir que a Comissão prosperasse.

O recurso, que foi rejeitado por Renan Calheiros e acabou sendo enviado à CCJ, defende a inconstitucionalidade da CPI por não haver um "ato determinado de investigação. O governo teme, na verdade, que as investigações sejam ampliadas para outras estatais

A Comissão de Constituição e Justiça deve analisar o recurso apenas na próxima semana, o que, na prática, dá espaço para o governo organizar com frieza e tranqüilidade sua estratégia, para não ser surpreendido em qualquer resultado. Os líderes da base passaram a terça-feira avaliando a viabilidade da CPI do setor elétrico, que já foi instalada mas não prosperou por falta de acordo entre os aliados. O objetivo da comissão é investigar se houve irregularidades do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no processo de privatização do setor, promovido no governo Fernando Henrique.

As informações são da agência Reuters.