| 30/05/2005 20h22min
Com uma avaliação positiva do quadro atual do Congresso, o governo tenta "delimitar" os estragos políticos causados pela criação da CPI dos Correios priorizando o embate na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, ao mesmo tempo em que se mostra disposto a disputar no voto a presidência da investigação.
A estratégia foi traçada com anuência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A CCJ analisa, possivelmente apenas na próxima semana, se a CPI é constitucional e o governo aposta em sua maioria numérica para derrotar a oposição.
Se o clima político esquentar demais na CCJ, o governo promete buscar no voto a presidência da comissão e garantir sua relatoria.
– Nós ainda achamos a CPI desnecessária, mas para não haver um controle político e um desgaste do governo promovido pela oposição, nós vamos brigar pela presidência e relatoria da CPI – afirmou nesta segunda-feira o líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA).
Os senadores petistas Aloizio Mercadante (SP) e Delcídio Amaral (MS), respectivamente líder do governo e do PT no Senado, descreveram a mesma estratégia.
Para garantir a relatoria e a presidência, a idéia é lançar um senador do PMDB à presidência da CPI e derrotar um nome do bloco de oposição, formado por PSDB e PFL, através do voto da maioria. Caberia, então, ao presidente da CPI indicar o relator, tradicionalmente um deputado do partido majoritário da Câmara. O nome mais cotado é do ex-presidente da Casa, João Paulo Cunha (PT-SP).
O presidente de uma CPI controla o andamento congressual e o relator traça a rota e o tom das investigações.
Por isso o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), descartou unir-se ao PT no Senado para superar o número de parlamentares do bloco PFL-PSDB. O "bloco" governista impossibilitaria que o relator fosse um petista.
Renan vê na escolha por voto uma saída para a falta de um ambiente para acordos.
– O ideal seria que o presidente e o relator saíssem por acordo– insistiu Renan. – Como parece ser impossível, a escolha deverá ser no voto.
Se levado adiante, a costura política criará um clima ainda mais negativo com a oposição.
– Regimentalmente é discutível, e politicamente uma agressão– reclamou o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN).
Segundo avaliação do governo, esse acordo é menos desgastante do que a falta de controle de uma CPI.
E mesmo com a possibilidade de controlar completamente as investigações parlamentares, os partidos aliados pretendem adiar ao máximo a indicação dos membros da CPI.
– Se a tradição está do nosso lado, nós vamos usar todos os 30 dias para fazer as nomeações– afirmou Rocha.
De acordo com o regimento do Congresso, não há prazo para apresentar os integrantes da Comissão, mas tradicionalmente as lideranças usam até um mês.
As informações são da agência Reuters.
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