| 12/04/2004 09h09min
Para acabar com a guerra pelo controle do tráfico na Favela da Rocinha que começou na madrugada da última sexta, dia 9, e já deixou oito mortos, o governo do Estado do Rio de Janeiro anunciou neste domingo que vai cercar parte do morro com um muro de três metros de altura. Além da Rocinha, também serão parcialmente muradas as favelas do Vidigal, do Parque da Cidade e da Chácara do Céu. O anúncio foi feito pelo vice-governador e secretário estadual de Meio Ambiente, Luiz Paulo Conde, e a idéia tem aprovação da governadora Rosinha Matheus e do secretário de Segurança, Anthony Garotinho.
Conforme Conde, a construção do muro faz parte de um plano emergencial para evitar que as favelas continuem a se expandir em direção a uma Área de Proteção Ambiental (APA) existente na Zona Sul do Rio. O muro ainda evitaria que os traficantes usassem a mata como esconderijo ou rota de fuga.
O arquiteto Sérgio Magalhães, da Secretaria estadual de Desenvolvimento Urbano do Rio, disse que a idéia de Conde é perfeitamente viável. Segundo ele, é preciso conter a expansão das favelas para a mata e garantir serviços de infra-estrutura para a população já instalada nos morros.
O muro que o governo do Estado quer construir, segundo o vice-governador, terá três metros de altura. Ao longo do muro será construído um caminho para a passagem de carros com dois metros e meio de largura, onde policiais e moradores poderão circular tranqüilamente.
O presidente da Associação de Moradores da Rocinha, Willian de Oliveira, revelou que espera que a comunidade seja ouvida antes de o Estado começar a construir o muro, embora tenha afirmado que o projeto pode ser bom se melhorar a segurança da comunidade da favela.
O deputado federal Fernando Gabeira (sem partido-RJ) revelou em entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta segunda, dia 12, ser a favor da construção de delimitadores para o crescimento da favela, mas questionou a opção por muros.
– A construção de um muro de três metros numa favela não funciona tão bem. O que se tentava inicialmente era um entendimento para que a favela não crescesse, para que novos barracos não fossem criados ali. A melhor saída seria trabalho de inteligência e desarticulação destes grupos criminosos– disse Gabeira.
O deputado ainda ressaltou que o governo do Estado do Rio deveria atuar em conjunto com a prefeitura carioca, com o governo federal e com a comunidade. Gabeira criticou a União por não ter se manifestado sobre os confrontos na Rocinha no último final de semana, e disse que Brasília está olhando para a guerra na favela como se estivesse olhando para Iraque – sem se sentir responsável e sem a intenção de tomar providências.
Com informações da Globo Online e Rádio Gaúcha.
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