O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, disse hoje que a incorporação da Venezuela ao Mercosul pode ser um marco para o bloco sul-americano, que, segundo ele, conseguiu "introduzir uma nova agenda hemisférica". No discurso pronunciado na abertura da cúpula presidencial do Mercosul, em Montevidéu, Kirchner disse ainda que o fato de a Venezuela se tornar membro pleno do bloco "pode ser considerado um passo em direção à Comunidade Sul-Americana de Nações".

O início do processo para que o país caribenho se some ao bloco regional sul-americano foi aprovado na quinta-feira pelos chanceleres do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), decisão que hoje será confirmada pelos chefes de Estado.

O governante argentino felicitou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, pela "legítima vitória que obteve" nas recentes eleições legislativas realizadas em seu país sem a participação das forças opositoras. Kirchner também elogiou a posição adotada pelo Mercosul e pela Venezuela na IV Cúpula das Américas, realizada em novembro na cidade argentina de Mar del Plata.

– Há pouco fomos protagonistas de uma bem-sucedida reunião em Mar del Plata na qual se decidiu uma nova agenda hemisférica. Sem imposições, instalamos uma agenda – disse.

Na Cúpula das Américas, os países do Mercosul e a Venezuela se opuseram à retomada das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), promovidas pelos Estados Unidos e outras 28 nações do continente, enquanto não se conhecer o resultado das negociações para liberalizar o comércio mundial na OMC.

Kirchner também elogiou o ex-presidente da Argentina Eduardo Duhalde, seu antigo aliado e atual adversário político, ao afirmar que "deu tudo de si" em seus dois anos de gestão à frente da Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul, que terminam hoje.

– Pusemos quem achamos que tem as melhores qualidades para nos representar – afirmou, em alusão ao ex-vice-presidente da Argentina Carlos Álvarez, que substituirá Duhalde no órgão político do Mercosul.