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O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, rejeitou neste domingo, dia 20, renunciar ao cargo por causa das acusações de que seu governo perseguiu um ex-inspetor de armas das Nações Unidas, que foi encontrado morto, em uma grave polêmica sobre a guerra no Iraque.
Em entrevista à TV Sky News, Blair, que está na Ásia, também rejeitou sugestões de que deveria voltar para o seu país ou convocar o Parlamento, que está em recesso de verão, para debater os motivos que levaram David Kelly a cortar o pulso em um bosque perto de sua casa em Oxfordshire, na quinta-feira.
Dois dias antes, Kelly enfrentou críticas no Parlamento por supostamente ter passado informações a BBC sobre o exagero cometido pelo chefe de comunicações de Blair, Alastair Campbell, no dossiê sobre as armas de destruição em massa de Saddam Hussein.
A BBC confirmou neste domingo que o cientista foi a fonte para suas acusações de que o governo exagerou um informe do serviço de inteligência sobre armas no Iraque para justificar a guerra.
– Depois de ter informado a família do doutor Kelly, podemos confirmar que o doutor Kelly foi a principal fonte – disse o diretor de notícias da BBC, Richard Sambrook, em um comunicado lido diante das câmeras de TV.
A alegação da BBC de que Campbell exagerou no dossiê ao afirmar que Saddam poderia mobilizar armas de destruição em massa 45 minutos após uma ordem está no centro das acusações de que Blair enganou a opinião pública e o Parlamento.
A morte de Kelly faz Blair enfrentar a maior crise política em seus seis anos de governo e transformou sua viagem ao Exterior em um pesadelo. Após uma entusiasmada recepção nos Estados Unidos devido ao seu apoio no Iraque, Blair ouviu as notícias sobre Kelly no avião em que viajava para o Japão.
Blair ignorou os pedidos de renúncia feito por membros radicais do seu próprio Partido Trabalhista e pediu para o povo esperar pelos resultados de uma investigação judicial. Afirmou que aceitará responsabilidade se ficar comprovada má conduta de membros do seu governo.
– No final, o governo é minha responsabilidade – disse.
Em um jogo de culpas pela morte de Kelly, críticos do governo dizem que o cientista sofreu pressão insuportável por ter sido colocado em evidência, em um suposto esforço para desacreditar a reportagem da BBC e assim livrar Campbell e Blair.
– Se puder haver alguma coisa de bom no que aconteceu com o doutor Kelly, um homem de fantástica coragem pública, deveria ser na reflexão sobre a maneira como as pessoas são tratadas quando, por vontade própria ou sem intenção, entram no foco público – disse Peter Mandelson, do Partido Trabalhista, acostumado a relações de amor e ódio com a mídia.
– Mas também precisamos transformar essa tragédia em um ponto de mudança na relação envenenada e destrutiva que construiu-se entre políticos e a mídia.
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