| 04/05/2008 07h06min
É feita de contrastes e de persistências a trajetória do capitão que pode erguer, pela segunda vez na carreira, a taça do Campeonato Gaúcho. Aos 35 anos, Lauro Ferreira da Silva busca neste domingo, no Beira-Rio, a celebração perfeita de outro grande feito: a façanha dos 500 jogos pelo Juventude. Sua camiseta estampará a marca.
Mas existem outros ingredientes que Lauro deixa transparecer. Embora tenha em Dunga um ídolo e uma referência em termos de capitão, é grande o contraste entre seu jeito e o do atual técnico da Seleção. O capitão finalista do Gauchão é de poucas palavras e de gestos leves.
Comete pouquíssimas faltas e raramente recebe cartões, mesmo exercendo a função de volante. Aponta a discrição dentro e fora dos gramados como sua principal característica. Humilde e cuidadoso nas palavras, atribui a faixa no braço ao tempo que está no clube.
- A liderança é algo que se conquista com trabalho, não nas palavras, mas sim com exemplos. Não faço
cobrança aos companheiros, mas dou
força na hora de um passe errado, de uma jogada malfeita.
Esta é a primeira temporada em que Lauro é o capitão efetivo da equipe. Antes, assumia eventualmente. Contudo, garante que se trata apenas de uma responsabilidade a mais, que não muda em nada o jeito de falar com os companheiros. Evangélico, diz não ter superstições. Evita badalação, que, a seu ver, "não faz falta alguma na vida".
Sentado ao lado da mulher, Manuela, no sofá da sala de casa, com o filho João brincando por perto e tomando chimarrão, o jogador traçou um prognóstico para a final do campeonato:
- Há muito respeito pelo Inter. Mas temos chances de sair de lá (do Beira-Rio) com o título. Ter no vestiário um treinador experiente e multicampeão como o Zetti passa tranqüilidade.
Nascido sob o sol alegretense, o caçula dos três irmãos da família Silva foi o primeiro a enveredar pelo caminho do futebol, embora faltassem razões para isso. A principal delas era a estatura.
Seu 1m68cm foi responsável indireto por
reprovações em testes em vários clubes, dentre os quais Grêmio, Inter e São Paulo. Saído das categorias de base do Flamenguinho, de Alegrete, Lauro encontrou no Juventude a primeira chance em um clube maior.
E também o fim do complexo de inferioridade que o abatia.
- O técnico Adão Pereira me ensinou a superar o problema, nas categorias de base. Me conformei. Não se fabrica mais gente do meu tamanho. Isso mudou minha carreira.
Apesar de enfatizar o respeito para com o adversário, Lauro revela qual o prato preferido para o possível jantar de comemoração do título:
- Aprendi os hábitos culinários da Serra, mas nada substitui o bom e velho churrasco. Se bem que, se formos campeões, tenho certeza de que nem fome teremos. A adrenalina vai falar mais alto - prevê o capitão da camisa número 500.
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