| 08/04/2008 08h29min
Partiu do diretor de futebol, Paulo Pelaipe, a defesa mais contundente ao volante Nunes, de 24 anos, eleito vilão pela torcida do Grêmio ao lado do técnico Celso Roth e do próprio Pelaipe, após a eliminação no Gauchão:
– Coloquem a camisa do Milan no Nunes e a do Grêmio no Gattuso (volante da seleção italiana) e vocês verão que a diferença será mínima.
O Grêmio tratou de blindar Nunes na segunda, um dia após a derrota para o Juventude. O jogador procurou manter a rotina, apesar de envolvido no turbilhão que virou o Olímpico, e trabalhou com o afinco de sempre. Com menos de 10 minutos de treino estava empapado de suor. Enquanto contava 13 balõezinhos, conversava com Thiego e Rafael
Carioca, formados no clube como ele. Na saída do gramado suplementar,
recebeu tapinhas nas costas e sorrisos de dirigentes e funcionários.
A blindagem a Nunes tirou-o da entrevista coletiva. Ele, Eduardo Costa e Marcelo Grohe foram eleitos pelos repórteres. A direção vetou e mandou à sala de conferências os zagueiros Jean e Pereira.
– Dêem uma trégua ao Nunes. Precisamos protegê-lo para que não seja massacrado. É um ser humano, tem família – protestou Pelaipe.
Nunes quase acertou com a Portuguesa
A relação entre Nunes e a torcida sempre foi atribulada. Os gremistas sonegaram a ele o crédito destinado a quem vem das categorias de base. Como Vagner Mancini o relegou ao ostracismo, pensou em sair por empréstimo.
A Portuguesa apresentou proposta, mas não houve acerto com o Grêmio. Com contrato até o fim do ano, recebeu com Roth a melhor chance. A estabilidade, porém, ruiu em 45 minutos domingo.
Gaúcho de Alegrete, Nunes fez
contra o Juventude seu 84º jogo pelo Grêmio. Pode ser o último. Cada vez que pegava
na bola ouvia murmúrios da torcida. Após o segundo gol de Mendes, eles viraram vaias. Entrou no túnel escutando os protestos dos gremistas e lá ficou.
Perseguido pela torcida, deve ser cedido a um clube da Série A ou até mesmo da Série B. É bem provável que nem seja relacionado para encarar o Atlético-GO, nesta quarta-feira, jogo que virou a salvação do semestre.
Os jogadores saíram em defesa do companheiro. Pereira pediu trégua e lembrou que Nunes é útil ao time. Comparou-o a Jeovânio (hoje no Valenciennes, da França), espécie de cão de guarda da defesa de Mano Menezes em 2006. Lembrou ainda que Nunes é um dos heróis da Batalha dos Aflitos e merece respeito.
– O que estão fazendo com o Nunes
é injustiça. Ele tem culpa de quê? Não falhou em nenhum gol,
não fez nada de errado – desabafou Pereira.
Após treinar com afinco nesta segunda, Nunes recebeu o apoio de colegas e dirigentes
Foto:
Jefferson Botega
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