| 27/02/2008 09h28min
Mano Menezes e seu Corinthians são as surpresas do ano. Ou alguém esperava a boa campanha do clube mais badalado - e, talvez, tumultuado - do país, justo após a queda para a Segundona? Nem o próprio Mano.
– O Corinthians está um pouco acima do esperado – admitiu, ao falar sobre o quarto lugar no Paulistão, à frente do Santos, São Paulo e Palmeiras e que hoje garantiria vaga nas semifinais.
Depois do treino de terça à tarde, no Parque São Jorge, o técnico conversou por telefone com Zero Hora. Afirmou que ainda não conhece São Paulo e que logo terá a companhia definitiva da mulher. Também mostrou-se orgulhoso com a especulação de que receberia proposta de renovação por quatro anos. Ao final, disse que tem acompanhado o Grêmio de longe, mas destacou esperar um bom trabalho do técnico Celso Roth no comando do Tricolor.
ZH - Quando começou o Paulistão, qual era sua expectativa?
Mano - Sabíamos que teríamos mais dificuldades. Mesmo assim, precisaríamos estabelecer metas. E uma era brigar, desde o início, para classificar entre os quatro. Seria mais fácil ou difícil? Bom, aí dependia muito do nosso trabalho, da comparação que precisa se fazer com os adversários.
ZH - Na comparação, você está satisfeito?
Mano - Tivemos um início de maior dificuldade, porque mudamos muito o grupo em relação ao ano passado. Chegaram 15, 16 jogadores. E demora um tempo para ambientá-los.
ZH - O Corinthians tem um time de primeira na segunda?
Mano - Não estamos ainda pensando na Série B. Temos que montar, primeiro, time para Paulistão e Copa do Brasil. Essas competições darão um parâmetro para saber se a equipe estará qualificada para a Série B. Não tem ninguém jogando um futebol excepcional, mesmo o São Paulo, o Santos, que disputam Libertadores.
ZH - Por que você contratou jogadores que o acompanharam em outros clubes, como Perdigão, Alessandro, Herrera e William?
Mano - A primeira questão é qualificação técnica. Já mostraram isso quando trabalharam comigo. Levei em consideração os perfis profissionais.
ZH - Você esperava ser o único dos grandes times de São Paulo na zona de classificação?
Mano - Esta é uma surpresa nossa, principalmente em relação aos outros. Esperava-se uma campanha melhor do São Paulo, do Palmeiras, do Santos. E eu diria que o Corinthians está um pouco acima do que se previa a esta fase da competição. Mas nesta reta final, certamente Santos, São Paulo e Palmeiras deverão crescer.
ZH - Há cobranças da torcida?
Mano - Não tivemos nenhum problema, a não ser no dia da apresentação. Mas ainda era em relação ao ano passado. Neste ano, o trabalho tem sido absolutamente tranqüilo.
ZH - Você já conhece alguém da Gaviões da Fiel?
Mano - Não.
ZH - Como está a cidade de São Paulo? A família está com você?
Mano - O futebol é enganador neste sentido de conhecimento de cidade. Você conhece mais aeroporto, hotel e estádio, né? Jogando quartas e domingos, como tem sido desde o início do campeonato, ficamos quatro dias por semana no hotel. Minha mulher está indo e vindo. Deve vir definitivamente no próximo mês.
ZH - Você mora em apartamento? Em qual bairro?
Mano - Aqui tudo precisa ser perto, porque o trânsito é difícil. O Corinthians fica no Tatuapé, e moro em apartamento nesse bairro. Exatamente para não dificultar a chegada e evitar perda de tempo no trânsito.
ZH - Tem feito treinos fechados?
Mano - Geralmente um por semana. São vistos com normalidade, não sou o único que faz isso aqui. Todos sabem que não é para atrapalhar.
ZH - Você parece agradar a imprensa paulista. Como está seu convívio com ela?
Mano - Temos tido um relacionamento muito bom. O pessoal respeita o que eu penso, a minha maneira de trabalhar. As coisas vão bem.
ZH - Dizem que você renovará por quatro anos.
Mano - É um assunto falado internamente por um diretor de marketing. A renovação deve depender muito do trabalho, e ficaria mais confiante se esta renovação esperasse a sustentação do trabalho.
ZH - Mas você gostou que tenham tocado no assunto, não?
Mano - Sempre é bom. É sinal de que as primeiras amostragens foram boas. Me deixa orgulhoso.
ZH - Dar certo no Corinthians pode ser passaporte para algo maior, como a Seleção?
Mano - Lógico que todo técnico de time grande pensa em Seleção Brasileira. Mas sempre digo que não durmo e não acordo pensando nisso. É algo natural, decorrente de uma seqüência profissional.
ZH - Você acompanha o Grêmio? O que achou da troca de técnico?
Mano - Tenho acompanhado de longe, até por questão ética. Aqui em São Paulo a gente tem mais acesso ao compacto dos jogos. Essa troca não é normal, porque foi num curto espaço de tempo e, além disso, com resultados bons. Surpreende para quem está à distância. Mas as pessoas devem saber o que estão fazendo, e os dois técnicos (Celso Roth e Vagner Mancini) são bons. Certamente o Celso fará um bom trabalho.
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