| 30/12/2009 07h48min
Eles fizeram muito sucesso, foram ídolos de Inter ou Grêmio nos anos 70 e 80 do século passado. Alguns viraram mitos. Com o tempo, voltaram ao convívio dos “normais”. O que fazem da vida? Esta pergunta dá nome à série de 11 reportagens. O Diário Gaúcho encontrou os ex-jogadores escolhidos por leitores.
A partir de hoje, serão revelados um por dia. Cinco gremistas, cinco colorados e um que atuou na Dupla. Há histórias surpreendentes, emocionantes e engraçadas. Recuperam uma época na qual o beijo em escudo era por amor ao clube.
Depois de dois gremistas – Mazaropi e Alfinete –, a série “O que faz da vida” resgata a história de um mito do Internacional. Tanto que merece uma reverência antes do nome: Dom Elías Figueroa. Conquistou oito títulos, marcou 26 gols e fez frases marcantes:
– A grande área é minha casa. E só entra nela quem eu convidar.
Hoje, aos 63 anos, o coração está mais dócil. E faz da receptividade uma de suas
obras mais louváveis. Passado e presente unem a
trajetória deste craque iluminado.
Fim da tarde do domingo, 14 de dezembro de 1975. Inter e Cruzeiro decidiam a final do Brasileirão. O placar estava 0 a 0 na etapa final. Aos 11 minutos, após falta ao lado da área, Figueroa atravessou o campo:
– Vou lá ajudar, pensei. A torcida merece ser campeã nacional pela primeira vez.
A bola levantada por Valdomiro encontrou a cabeça do chileno e, depois, entrou na meta por um facho de luz solar que riscava o Beira-Rio. Título garantido.
Naquele dia, Figueroa deixou em êxtase milhões de colorados. Eis uma história passada de geração em geração. Poucos sabem é que aquele lance continua espalhando alegria.
Desde 2006, o ex-zagueiro fundou a Corporação Gol Iluminado. Por meio dela, reúne, no mímino uma vez por semestre, ídolos do Chile para partidas de exibição. Com isto, arrecada alimentos e brinquedos para pessoas carentes. O último jogo rendeu dez
toneladas.
– Preciso ajudar os humildes. Não faço nada mais que meu dever.
Este Figueroa bondoso mora na bela Viña Del Mar, litoral chileno com a mulher Marcela. Leva uma vida pacata administrando uma empresa de intermediação de cargas. Seu estilo atual nem de longe lembra o zagueiro viril, que, de 1971 a 1976, mostrava os dentes aos atacantes que desafiavam aquele Inter memorável. Além de dois Brasileiros e seis Gauchões, Figueroa disputou três Copas do Mundo e foi eleito por duas vezes o melhor jogador do mundo naquela década.
Como treinador, teve duas experiência sem sucesso. Ele não pensa mais em trabalhar com futebol?
– Futebol é minha vida. Hoje, faço dele um meio para espalhar caridade. Chileno foi herói do primeiro título
Ficha do ídolo
Nome: Elías Ricardo Figueroa Brander, 63 anos (25/10/1946, em Valparaíso, Chile)
Onde mora: Viña del Mar, no Chile, com a mulher Marcela
O que faz: mantém uma fundação social, chamada Gol Iluminado, que promove jogos
beneficentes
Ano da estreia: 1962, no Santiago Wanderes/Chi
Ano do adeus:
1983, no Colo Colo/Chi
Clubes como zagueiro: Santiago Wanderes/Chi, La Calera/Chi, Peñarol/Uru, Inter (1971 a 1976), Palestino/Chi, Strikers/EUA e Colo Colo/Chi.
Clubes como treinador: Inter (1995) e Santiago Wanderes/Chi
Títulos no Inter: bi do Brasileiro (1975 e 1976) e hexa do Gauchão (1971 a 1976)
Fundo do baú
- O jogo da vida: o 1 a 0 sobre o Cruzeiro, em 1975, no Beira-Rio, que valeu o título brasileiro. Fiz o gol da vitória, que ficou conhecido como o gol iluminado!
- Alegria no futebol: joguei 17 Gre-Nais e só perdi um, que era amistoso.
- Se pudesse voltar no tempo: não mudaria nada. Fui muito feliz por onde passei e ganho o carinho das pessoas até hoje, especialmente no Rio Grande do Sul.
- Aprendizado na pior derrota: fico triste até hoje quando lembro daquele jogo no Mineirão, 5 a 4 para o Cruzeiro. Era semifinal de Libertadores e perdemos a chance de
ganhar aquele torneio. Falhei em alguns lances, mas o time todo foi mal e ninguém me culpou.
Tirei proveito para não repetir os erros.
Para tentar adivinhar o time completo, clique aqui.
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