O capitão Guiñazu alimenta um sonho quase secreto: ganhar uma chance na seleção argentina. E ele sabe que levantar a taça da Copa do Brasil o colocaria ainda mais em evidência e aumentaria suas chances de ser chamado por Maradona.

— Primeiro, estou pensando no Inter, em ser campeão aqui. Queremos muito esse título. Mas é claro que alimento o sonho de ser convocado para a seleção. Sou argentino e estou jogando. Enquanto estiver em atividade, vou sonhar com esse dia — disse "El Cholo".

O que Guiñazu não sabia era que seu prestígio entre os torcedores porteños está altíssimo. Um passeio por Buenos Aires no feriadão de Corpus Christi foi suficiente para detectar: os hermanos estão de olho na correria do hermano no meio-campo do Inter. Torcedores de Boca, River, San Lorenzo e, principalmente, Independiente, onde ele foi destaque no último título nacional do clube, o acompanham.

— Em Buenos Aires, ouvi muitos elogios a você. Estão inteirados do que está fazendo no Inter — disse a ele.

Guiñazu se deslocava pelo saguão do hotel para seguir a entrevista coletiva. Mas parou ao ouvir a notícia.

— Sério? Que bom saber. Trabalho dia a dia para isso, ser reconhecido.

A concorrência de Guiñazu é dura. Há Gago, Mascherano, Verón, Battaglia e Cambiasso para o setor. Zanetti e Jonás Gutiérrez também jogam por ali. Mas os feitos recentes do Inter na Argentina popularizaram o clube. Primeiro, levou D'Alessandro do San Lorenzo pagando US$ 5,5 milhões. Depois, eliminou o Boca na Bombonera e fechou o ano conquistando a Sul-Americana sobre o Estudiantes, de Verón.

Mas Guiñazu prefere deixar o sonho da seleção para depois. Sabe que se conquistar o título sua imagem chegará ainda mais nítida até a casa de Maradona. Por isso, ele garante que sua concentração está toda voltada para a decisão contra o Corinthians. Nem a marca de cem jogos pelo Inter nesta noite rouba sua atenção.

— Para mim, uma final vale mais que cem. Vale mil, 3 mil jogos.

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