| 01/06/2009 05h10min
A rodada de ontem revelou duas realidades distintas na dupla Gre-Nal. No Grêmio, se um titular ficar de fora, e este titular for um jogador fundamental como Tcheco, o desempenho do time cai ao ponto de perder para o modesto Vitoria no Barradão. No Inter, se os desfalques forem muitos, e mesmo que entre os desfalques estejam Nilmar, Taison e Guiñazu, ainda é possível vencer o Avaí por 2 a 1.
Primeiro, o Grêmio.
A derrota por 1 a 0 em Salvador escancarou uma dado preocupante. Sobretudo se as circunstâncias do Barradão se repetirem na Libertadores. Sem Tcheco, a produção caiu
demais. Não apenas pela ausência do capitão, poupado para o jogo de volta contra o Caracas, no
dia 17, em Porto Alegre. A questão é mais profunda. Vai além das cobranças de falta. Como se sabe, todo e qualquer tiro livre, seja de onde for, é perigo de gol nos pés do capitão.
O problema é que, sem Tcheco, todos renderam muito abaixo do normal. E, por consequência, o time inteiro padeceu.
Falei por telefone com o técnico Paulo Cézar Carpegiani, técnico do Vitória. Reproduzi a entrevista nesta coluna antes do jogo de ontem. Tratava-se de um homem preocupado. Além de encontrar um grupo defasado do ponto de vista físico quando desembarcou na Bahia, há dois meses, o treinador campeão do mundo com o Flamengo em 1981 temia. Não teria Jackson e Carlos Alberto. O zagueiro Anderson seria escalado após longo tempo parado por absoluta falta de alternativas, quando o ideal era que esperasse mais um pouco.
Foi para um time assim, cheio de problemas, que o Grêmio
perdeu.
No segundo tempo, chutou uma bola apenas na direção do gol, com Maxi López,
aos 43 minutos, pouco antes de Leandro Domingues decretar a primeira derrota de Autuori no cargo com aquele chute improvável. Por isso a ausência de Tcheco deve ser motivo de reflexão no Olímpico. Sem ele, o Grêmio tornou-se um time comum.
Souza ficou sobrecarregado na armação. Alex Mineiro e Maxi mergulharam na solidão no ataque. Os laterais Ruy e Fábio Santos, sem o homem que coordena as tabelas pelos lados, produziram pouco na frente, aumentando o isolamente dos atacantes. Como não há substituto no grupo com perfil sequer parecido ao do capitão gremista, resta torcer para Tcheco jamais desfalcar o Grêmio na Libertadores.
Agora, o Inter.
É claro que deve se considerar o adversário. O Avaí é cristão novo na Série A. Enfrenta as dificuldades naturais de quem está chegando a um campeonato duro e igual como o Brasileirão. Quando o jogo é fora de casa, como o de ontem, mais complicado ainda. Mas o Inter usou muitos
reservas também contra o Palmeiras e aplicou 2 a 0.
Wanderley Luxemburgo trouxe o time completo da Libertadores e perdeu no Beira-Rio. Portanto, é lícito dizer que o Inter tem, de fato, o grupo qualificado proclamado em versos pelo país inteiro.
Com a vitória por 2 a 1 de ontem sobre o Avaí, já são três vitórias do Rolinho. Sim, por que se o início de temporada — campeão gaúcho invicto, em vantagem na semifinal da Copa do Brasil e líder isolado do Brasileirão — é comparado aos resultados do Rolo Compressor dos anos 40, vale a brincadeira: os reservas formam o Rolinho Compressor.
Dos 12 pontos que colocam o Inter na ponta da tabela, apenas quatro são obra dos titulares. Contra o Goiás o gol da vitória foi de Taison, mas ele entrou só no segundo tempo. A base da equipe era reserva.
Repare só a folga que o Inter começa a livrar sobre os principais concorrentes.
Está oito pontos à frente do Grêmio,
sete de São Paulo e Palmeiras e seis de distância sobre o Cruzeiro. É uma tremenda
vantagem. Que pode fazer toda a diferença na disputa pelo tetra.
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