| 26/08/2005 16h12min
O presidente interino do PT, Tarso Genro, afirmou hoje em entrevista à Rádio Gaúcha, que acredita que as opções dentro do partido devem ser radicais, devem ser “opções limites”, fazendo referência à atual disputa com José Dirceu pelo controle petista. Tarso seria um dos candidatos à presidência do PT, mas, para concorrer, pediu a saída de Dirceu da chapa do Campo Majoritário, corrente à qual os dois pertencem.
O ex-ministro da Educação ressaltou que suas opiniões sobre o caso não têm nada a ver com questões relacionadas à política econômica, nem com suas posições pessoas a respeito do presidente da República ou sobre as possibilidades de Lula se reeleger.
– Não quer dizer que o partido vá afundar se eu não for candidato. O que pode ocorrer é uma transição mais lenta – contemporizou.
Tarso contou que, ao ser sondado pela possibilidade de se candidatar à presidência, ele disse que, para isso, daria uma demonstração pública e interna de que a chapa estaria rompida estruturalmente com o núcleo anterior, “que levou o partido a essa situação dramática”, e, à época, os companheiros de partido haviam concordado. Depois, segundo o presidente do PT, “começaram a aparecer as diferenças”.
Ao ser questionado sobre quem seriam as pessoas com quem gostaria de romper, Tarso não quis citar nomes.
– Não gostaria de manifestar nenhum tipo de indicação de nomes porque isso prejudica o debate político. O nomes já foram expostos de maneira muito clara pela sociedade.
Tarso disse que não se importaria de ficar “sem nada” caso não seja presidente do PT – atualmente, o petista não ocupa nenhum cargo no governo e, sem a eleição para a presidência, não teria nenhuma função oficial no partido.
– Talvez seja isso o necessário. Eu nunca transigi princípios pra manter cargos. Eu estaria isolado de quem? Eventualmente eu estaria em minoria e, como em outras vezes, tentaria criar um movimento de renovação. Não me importa absolutamente nada. Todas as opções devem ser opções radicais, opções limites.
O atual presidente do PT disse que considera normal a dúvida, um vez que o partido está muito tenso politicamente e “as pessoas têm dúvida sobre qual o melhor caminho”. Mas disse que, para ele, é simples:
– Se for uma continuação renovada, não sou eu o candidato. Se for uma continuidade com ruptura, eu posso ser o candidato.
Tarso disse que não iria emitir juízo de valor sobre Dirceu.
– Todo mundo sabe que o companheiro José Dirceu é meu antagonista político há muito tempo – justificou.
Tarso, no entanto, disse que Dirceu não pode ser chamado de chefe de quadrilha. Na opinião do presidente petista, ele é o coordenador político do PT, com raízes profundas na máquina partidária e que cometeu erros muito sérios. Tarso disse ainda que, caso Dirceu decida permanecer mesmo na chapa, uma solução para o problema seja a escolha de um terceiro candidato, que seja “meio termo” – nem ligado a Dirceu, nem a Tarso. Sobre quando essa solução poderia aparecer, o presidente interino não quis estabelecer nenhuma data.
– Não gosto de dizer porque depois sai no jornal que eu dei prazo. Eu não dei prazo nenhuma vez. O que eu disse semana passada e repito é que essa questão devia ser resolvida esta semana. Eu não dou nenhum prazo, eu estou é aguardando uma definição.
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