| 14/08/2005 17h44min
O bloco de esquerda do PT exigiu neste domingo a expulsão de todos os envolvidos em corrupção como a única forma de impedir a debandada prevista no partido. Os grupos dos mais radicais têm na mira alguns importantes membros da direção nacional que renunciaram há vinte dias devido aos escândalos de corrupção. Calcula-se que entre 20 e 25 parlamentares deixariam o PT se não houver sanções sérias.
O PT é acusado de financiamento ilegal de campanhas, obtenção de créditos de forma fraudulenta e de fazer caixa dois. Os fatores representam graves violações da Lei Orgânica de Partidos Políticos, e podem levar o PT à ilegalidade. Além disso, existem sérias suspeitas de que o PT usou recursos do exterior para financiar campanhas, o que pode levar alguns dirigentes à prisão.
Depois de uma reunião a portas fechadas ontem entre representantes dos setores que disputarão a presidência do PT nas eleições internas de setembro, membros de grupos mais à esquerda advertiram hoje sobre a debandada do partido que pode acontecer se os culpados não forem punidos com rigor. O deputado Ivan Valente (PT-SP) disse que não existe outra saída a não ser a expulsão de "uma cúpula partidária irresponsável e sem escrúpulos", que além de ter se "corrompido a limites inimagináveis", deixou o PT com dívidas de cerca de R$ 200 milhões.
A deputada Maria do Rosário Nunes (PT-RS), candidata à presidência do partido por setores moderados contra a direção nacional atual, concordou com os blocos mais à esquerda.
– Devem ser expulsos todos os suspeitos, inclusive aqueles que foram ministros ou parlamentares. Os atos são contundentes, acumulam-se e vemos mais que responsabilidade, até mesmo naqueles que queríamos ver fora do escândalo – afirmou.
A deputada entende que não cabe outra sanção a não ser a expulsão para líderes como o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-secretário-geral Sílvio Pereira e o ex-tesoureiro Delúbio
Soares. Os quatro eram as pessoas mais
poderosas dentro do PT e estão envolvidos diretamente nas irregularidades. No entanto, a nova direção nacional, presidida pelo ex-ministro da Educação Tarso Genro, resistiu em punir esses ex-dirigentes, em parte por pressões do próprio Dirceu, que presidiu o PT com mão de ferro até fim do 2002, quando entrou no Governo.
O Campo Majoritário, bloco que controla 60% do PT, apontou Genro para a presidência do partido. Mas o ex-ministro, que se diz decidido a aplicar severas sanções, não conseguiu fazer isso ainda devido à influência que Dirceu tem no partido.A debandada advertida pelo próprio Genro pode começar amanhã, quando o Congresso iniciará suas atividades da semana.
As informações são da Agência EFE.
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