O depoimento do secretário José Paulo Bisol na CPI da Segurança Pùblica foi suspenso nesta sexta-feira, por volta das 23h20min. O secretário se retirou da Assembléia Legislativa alegando que estava sendo agredido pelos deputados da oposição. O depoimento do secretário já havia sido interrompido por volta das 22h, quando Bisol ameaçou ler um documento considerado por ele de "extrema gravidade". A platéia que acompanhava a audiência numa sala anexa invadiu o Plenarinho, depois de o relator da CPI, deputado Vieira da Cunha (PDT), haver chamado o secretário de "covarde" e "irresponsável". Deputados governistas se levantaram e ameaçaram agredir Vieira da Cunha. – Se eu ler esse documento, o mundo vai cair – disse Bisol, acusando a CPI de dar crédito a boatos. O papel foi exibido por Bisol ao ser questionado porque não havia determinado a abertura de uma sindicância para averiguar declarações atribuídas ao então chefe de Polícia Luiz Fernando Tubino. Em depoimento à CPI, quatro delegados afirmaram que Tubino teria dito, ao assumir o cargo, em 1999, que a partir daquele momento o dinheiro pago a policiais por banqueiros do jogo do bicho seria encaminhado a obras sociais. Bisol foi o terceiro depoente ouvido pela comissão na sexta-feira. Em sua passagem pela CPI, Bisol alertou para o perigo que ronda a política. – Está na hora de acabarmos com esse problema histórico do envolvimento da política com o jogo do bicho. Até porque corremos o risco do envolvimento com a droga – disse o secretário às 20h. No depoimento, Bisol criticou a comissão, fez uma defesa apaixonada do governador Olívio Dutra, defendeu a necessidade de mudanças na relação entre o governo e polícia e mandou um recado para o presidente do Clube de Seguros da Cidadania, Diógenes de Oliveira. – Este dinheiro está sujo de sangue. Não dá pra pegar. Quem pega se suja e tem que responder por isso – declarou o secretário da Segurança.