Desrespeito ao Estatuto do Desarmamento e falta de fiscalização sobre o comércio de armas e munição foram as principais irregularidades detectadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Armas da Câmara dos Deputados, em audiência pública realizada nesta quinta, dia 28.

Durante mais de seis horas, os deputados ouviram três pessoas presas, em fevereiro, na maior apreensão de munições na história do país, em uma operação realizada pela Polícia Federal.

Paulo Roberto Schilling da Silva e Leandro Brustolin seriam ligados a duas empresas gaúchas fabricantes de armas. Schilling afirmou ser gerente de vendas da empresa Rossi, fabricante de munição no Rio Grande do Sul. Brustolin, por sua vez, trabalha na loja do pai, Brustolin & Brustolin, fabricante de munição. O terceiro depoente, Antônio Ferreira de Farias, é acusado de possuir, em Pernambuco, lojas para distribuição de munição pelo Nordeste.

Na operação, a Polícia Federal apreendeu, nos dois Estados, mais de um milhão de cartuchos, além de farta quantidade de pólvora e espoleta. Os depoimentos mostraram que armas e munições são transportadas sem fiscalização pelo País e vendidas sem nota fiscal até em feiras e pequenos armazéns nordestinos.

Antônio Farias admitiu que suas lojas de munição, no Recife e em Timbaúba, chegaram a ficar três anos sem a fiscalização do Exército. Parte da mercadoria era transportada do Rio Grande do Sul para Pernambuco em fundo falso de caminhão.

O presidente da CPI, Moroni Torgan (PFL-CE), ficou irritado com as falhas de fiscalização. Ele também se disse indignado com a Justiça, porque os três depoentes estão em liberdade provisória. O Estatuto do Desarmamento impede esse benefício aos acusados de comércio, posse e portes ilegais de arma de fogo.

A CPI deverá pedir a quebra dos sigilos bancário e telefônico de Leandro Brustolin e da empresa em que ele trabalha, a fim de esclarecer dúvidas sobre os depoimentos desta quinta-feira.

As informações são da Agência Câmara.