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 | 18/03/2005 13h32min

Estiagem chega aos campos da pecuária gaúcha

Formação de pastagens foi prejudicada pela estiagem

Os pecuaristas gaúchos terão um ano difícil pela frente. Por mais que as chuvas de outono amenizem o déficit hídrico, os criadores não deixarão de sentir os efeitos da seca durante o inverno e a primavera de 2005. A preocupação persiste, apesar da chuva da última semana ter trazido um novo ânimo aos criadores e de muitos pecuaristas já estarem preparando o plantio das pastagens de inverno para evitar perdas maiores.

A formação de pastagens é a principal alternativa dos pecuaristas gaúchos para barrar os efeitos da seca. Com os campos nativos esgotados pela falta de água prolongada, os criadores não poderão contar com a oferta de pasto nativo para o gado manter o peso durante o inverno. Por causa da estiagem, mesmo os pecuaristas mais organizados – e que respeitam a lotação de 0,8 animal por hectare – não conseguiram reservar lotes de campos nativos.

Em Uruguaiana, a pecuarista Mariana Tellechea Pinto, da Cabanha Paineiras, começa a buscar alternativas para enfrentar a falta de alimento e amenizar os efeitos futuros da seca. Além da formação de pastagens, investe na utilização da palha que sobra do arroz. O feno está sendo enfardado e servirá de alimento do rebanho durante o inverno.

– Não temos mais tempo para melhorar os campos nativos. Por falta de água, ninguém conseguiu fazer reserva de pasto nativo – comenta.

A mesma receita segue o veterinário e administrador Moacir Grigol, da Agropecuária Schwanck. As 5,5 mil matrizes da empresa já estão recebendo como suplemento alimentar a palha do arroz. Grigol estima que a perda de peso dos terneiros desmamados neste verão foi de 10 a 15 quilos por animal.

Numa atividade onde a rentabilidade depende do rendimento da carcaça dos bovinos, a perda de peso do rebanho é sinônimo de prejuízo. Segundo a Comissão de Pecuária de Corte e Indústria da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), tanto a perda de peso quanto a redução na natalidade representam, atualmente, um prejuízo de R$ 678 milhões para a pecuária gaúcha. Cerca de 625 mil terneiros deixarão de nascer na próxima primavera em conseqüência da seca. Para Fernando Adauto de Souza, presidente da Comissão de Pecuária de Corte e Indústria, os dois efeitos desorganizaram o sistema produtivo.

Conforme o presidente do Sindicato da Indústria da Carne e Derivados do Estado, Mauro Lopes, a diminuição nos abates poderá se prolongar pelos próximos dois anos. Caso ocorra redução nos índices de natalidade, prevê problemas para a cadeia produtiva. O efeito imediato da seca ocorrerá no outono e no inverno.

MAURO MACIEL/AGÊNCIA RBS
 

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