| 11/03/2005 14h29min
Sem safra e sem dinheiro, o produtor gaúcho está mudando o perfil da Expodireto, em Não-Me-Toque. De uma feira de negócios crescentes desde a primeira edição, em 2000, a mostra organizada pela Cooperativa Tritícola Mista Alto Jacuí (Cotrijal) transformou-se numa praça de tecnologia, tanto de máquinas e implementos quanto na área de pesquisa agrícola.
Mesmo sabendo que os produtores rurais estão amargando prejuízos com uma seca história e com o câmbio desfavorável, os fabricantes trouxeram para o Planalto Médio gaúcho o que há de mais moderno tecnologicamente. Os xodós, por exemplo, são o primeiro avião agrícola do mundo movido a álcool e um trator que roda com biodiesel no tanque.
Nas parcelas agrícolas, muitos visitantes que perderam vários hectares plantados com soja e milho por causa da estiagem se conformam conhecendo as oito variedades de soja transgênica produzidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Marcada por protestos e incertezas sobre o destino da soja geneticamente modificada que os produtores semeiam há mais de sete anos, a Expodireto Cotrijal desta vez é sinalizada pelo signo da legalidade.
– Daqui, partiram muita briga e reivindicações pró-transgênicos. Agora, podemos apresentar sem medo a soja que o produtor queira plantar – comemora o presidente da Cotrijal e da Expodireito, Nei Mânica.
Na área dos negócios a situação reflete a penúria dos produtores. Mânica não arrisca falar sobre os números antes do encerramento da mostra, marcado para as 18h desta sexta, dia 11. Prefere não gerar expectativas. Mas o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas Agrícolas do Estado (Simers), Cláudio Bier, garante que os negócios do setor na Expodireto 2005 ficarão reduzidos à metade ante as vendas do ano passado, R$ 230 milhões. Alguns diretores de empresas, porém, dizem que a projeção é otimista.
– Este ano as vendas não estão acontecendo, e todo mundo conhece as causas. Não precisamos esconder nada – afirma o representante de um grande fabricante, que prefere o anonimato.
Os grupos já previam que as vendas e até as visitas de produtores seriam menores, mas adotaram a máxima de que em tempo de crise é que as empresas precisam aparecer. Os custos dos grandes grupos com a instalação dos estandes (aluguel do espaço, transporte, pessoal, alojamento e refeição) se mantiveram na ordem de R$ 100 mil (um trator de porte médio custa em torno de R$ 120 mil). Os menores fabricantes gastaram em torno de R$ 50 mil.
– Não é custo, é investimento. Podemos não vender agora, mas o cliente volta quando a chuva chegar – diz Bier.
Confira imagens da Expodireto Cotrijal 2005
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