| 15/02/2005 02h34min
Os 207 votos obtidos por Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) não foram suficientes para garantir a vitória do candidato oficial do PT à presidência da Câmara dos Deputados. Greenhalgh disputa o segundo turno com Severino Cavalcanti (PP-PE), que obteve 124 votos em primeiro turno. Esta é a primeira vez na história que a Câmara dos Deputados terá segundo turno para a eleição de seu presidente.
Também concorreram Virgílio Guimarães (MG), que obteve 117 votos, José Carlos Aleluia (PFL-BA), com 53 votos, e Jair Bolsonaro (PFL-RJ), com apenas dois votos. Os votos em branco foram três, e os nulos, quatro.
Esta foi uma das eleições mais tumultuadas e caras da Casa – estima-se que mais de R$ 500 mil foram gastos nas campanhas direcionadas exclusivamente aos parlamentares indecisos. Oficialmente, a campanha é paga com a colaboração de parlamentares e dos partidos.
A principal disputa foi travada antes da votação em Plenário, dentro da bancada do PT que, pelo fato de ter o maior número de parlamentares na Câmara, tinha o direito de indicar o sucessor de João Paulo Cunha (SP). Numa consulta feita à bancada petista em 2004, o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) foi escolhido para representar a legenda, mas o deputado Virgílio Guimarães (MG) se lançou como candidato avulso e acabou colocando o partido mais uma vez na na delicada posição de ter que enfrentar a desobediência.
O presidente nacional do PT, José Genoíno, tentou dissuadir Virgílio até o último momento. A punição para o deputado insistente deverá ser decidida nas próximas semanas.
Em caso de vitória de Greenhalgh, o governo assegura a votação de temas importantes, aplainando o caminho para a reeleição de Lula. É o atalho mais curto para acordos em uma Casa onde o governo não tem maioria e às vezes perde o controle de sua base de apoio. Entretanto, o deputado, que tem fama de antipático, deve enfrentar dificuldades com a bancada ruralista, já que é conhecido por suas atividades como advogado do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Severino Cavalcanti, por sua vez, fez sua campanha baseada na promessa de aumento dos privilégios aos parlamentares, como aumento de salário. Há 10 participa da Mesa da Câmara e é um dos líderes da bancada católica.
A disputa pela presidência da Casa merece a dimensão que atingiu. É o cargo mais importante da Casa e tem entre as suas prerrogativas previstas na Constituição substituir o presidente da República quando o vice-presidente está também impossibilitado de comandar o país. Cabe ao presidente da Câmara cuidar da supervisão geral do poder, distribuir os projetos e assuntos gerais da Casa, assim como definir os que serão votados pelos deputados.
Ao presidente da Câmara ainda é permitida a nomeação de 41 cargos de confiança, dos quais apenas 20 precisam ser ocupados por servidores da Casa. Os outros 21 podem ser preenchidos por não-servidores da Câmara, com salários que variam entre R$ 1,5 mil e e R$ 7,5 mil.
Eleitos os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, o Congresso Nacional realiza nesta terça-feira, a partir das 16h, sua primeira sessão conjunta em 2005, que dará início à terceira sessão legislativa ordinária da 52ª Legislatura. Durante a sessão será lida uma mensagem do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que será trazida ao Congresso pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Na mensagem, de acordo com a Coordenação Política, será incluída a pauta de prioridades do Executivo para o Legilsativo neste ano, entre outras matérias, a reforma sindical, o fim da reforma tributária e a Lei de Biossegurança.
Com informações das agências Câmara, Reuters e Brasil e do jornal Zero Hora.
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