| 07/04/2004 08h05min
Três funcionários de cargos de chefia da Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Rio Grande do Sul pediram demissão nos últimos 15 dias e pelo menos outros dois aguardam para deixar as funções. Embora os demissionários aleguem motivos pessoais, nos bastidores da crise no Incra estaria a insatisfação com a gestão do superintendente, César Aldrighi, e com a imobilidade do instituto, que no último ano assentou 254 famílias sem desapropriar terras.
Os servidores cujo afastamento já foi aceito são o superintendente substituto e assessor de Planejamento, José Rui Tagliapietra, a chefe de Gabinete, Maria de Lourdes Alvarez da Rosa, e a chefe de Administração, Helenice Conti. Os três alegaram, em correspondências oficiais enviadas a Aldrighi nos últimos dias, motivos de foro íntimo para deixar os cargos.
Nos próximos dias, Flávio Santana Xavier, procurador regional, e Moisés Tomás Stefani, procurador regional substituto, também devem ter os pedidos de exoneração aceitos pela superintendência. Ambos formalizaram o desejo em dezembro e aguardam a nomeação de substitutos.
Aldrighi afirma que já trabalha para substituir os demissionários. O superintendente diz desconhecer manifestações de descontentamento contra sua gestão, iniciada em fevereiro de 2003. Aldrighi foi escolhido após a nomeação de Marcelo Rezende para a presidência nacional do Incra. Em comum, Aldrighi e Rezende – demitido em setembro – tinham o apoio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Internamente, o descontentamento com a gestão de Aldrighi é admitido por funcionários, que preferem não ser identificados. Servidores públicos concursados, os demissionários continuarão em seus cargos anteriores no Incra gaúcho.
Evitando revelar os nomes dos demissionários, Aldrighi negou ser alvo de protestos e insatisfações:
– Não há crise. Acho que as alterações são um processo normal. Elas aconteceram até no ministério do presidente Lula. Todos argumentaram motivos de foro íntimo. A vida continua. As estradas seguem sendo bloqueadas, as propriedades, ocupadas.
Com informações de Zero Hora.
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