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O procurador geral da República, Cláudio Fonteles, confirmou nesta quarta, dia 31, a intenção de pedir à Coorregedoria do Ministério Público a abertura de procedimento administrativo disciplinar contra o subprocurador José Roberto Santoro, por conduta inadequada para o cargo.
Em uma gravação divulgada na última terça, dia 30, pelo Jornal Nacional, da TV Globo, Santoro é flagrado em uma conversa com o dono de casa de jogos Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, na qual tratam da gravação em que o ex-assessor da Presidência da República Waldomiro Diniz, na condição de presidente da Loterj, pede dinheiro para campanhas políticas.
A gravação mostra que, durante o encontro com Cachoeira, ocorrido em fevereiro deste ano, o subprocurador Roberto Santoro estava preocupado com a possibilidade de a reunião com Cachoeira ser descoberta pelo procurador geral da República, Cláudio Fonteles. Santoro afirma que, se Fonteles presenciasse o encontro, interpretaria a reunião como uma articulação para “ferrar o governo PT e o ministro da Casa Civil, José Dirceu”.
De acordo com Fonteles, na declaração divulgada por sua assessoria, o procedimento do subprocurador foi "uma demonstração de grave violação funcional" e de "falta de lealdade para como a chefia". O procurador informou que vai requisitar, nesta quarta, a fita com o conteúdo completo à Rede Globo para poder tomar as providências cabíveis.
O episódio revelado pela gravação foi comentado, na manhã desta quarta, pelo líder do PT na Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, e pelo vice-líder do PSDB, Eduardo Paes (RJ). Paes disse ser "muito importante que isso (a divulgação da gravação da conversa entre Santoro e Cachoeira) não seja uma estratégia diversionista do PT, para desviar a atenção”.
– O que a fita de ontem (terça) mostra é que os fatos precisam ser apurados. A população brasileira está olhando para esses fatos todos. O que precisa ser feito é o governo, o PT, apoiar urgentemente a comissão Parlamentar de Inquérito – afirmou o líder do PSDB.
Arlindo Chinaglia afirmou que o episódio mostra uma relação "estranha" entre o subprocurador e alguém que tem uma fita com suspeitas e evidências.
– Não sei se ele (Santoro) ali praticava uma investigação. Isto porque, se ainda não estava instaurado um procedimento investigatório, a conduta é absolutamente ilegal – acrescentou o líder do PT na Câmara.
Chinaglia afrimou que a conduta de Santoro envolve o Ministério Público.
– Eu creio que a instituição, o Ministério Público e a Procuradoria, é basilar para a democracia brasileira, estrutura o Estado brasileiro. Acho que ele (Santoro) deve se afastar do caso – disse.
O presidente do PT, José Genoíno (SP), afirmou que o episódio "fala por si só". De acordo com Genoíno, a fita demonstra qual era a intenção do subprocurador, "que era promover uma disputa política contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.
– Em primeiro lugar é uma coisa grave. Em segundo, a politização exagerada de alguns procuradores da República é negativa para o próprio Ministério Público – salientou o presidente do PT. Para Genoino, o Ministério Público deve atuar “para defender a sociedade, o cidadão. Não para fazer disputa política, como se fosse um partido político”.
Com informações da Agência Brasil.
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