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Pela primeira vez desde fevereiro, localidades do município gaúcho de Santo Ângelo que sofrem com a estiagem foram beneficiadas por dois dias consecutivos de chuva. No domingo e na segunda-feira, dias 7 e 8, foram registrados 77 milímetros de chuva, conforme o departamento técnico da Cooperativa Tritícola Regional Santo Ângelo (Cotrisa).
Segundo estimativa da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), um quarto do volume da safra gaúcha pode ter sido perdida por causa da seca. Até a manhã desta terça-feira, 85 municípios do Estado haviam decretado situação de emergência. Os casos mais graves estão na região das Missões e no Noroeste.
Apesar de irregulares, as precipitações deverão impedir o aumento das perdas. Enquanto em Santo Ângelo chovia 40 milímetros no domingo, municípios como Cerro Largo e Mato Queimado registravam apenas dois milímetros de precipitação, volume considerado insuficiente para amenizar os prejuízos.
No final da tarde e na noite desta segunda também houve chuvas esparsas na região leste (na área da Lagoa dos Patos), no Vale do Sinos, na Serra, na Região Metropolitana e em Erechim. Mas a chuva ainda não foi suficiente para reverter o quadro de estiagem.
– Em Santo Ângelo houve uma chuva boa. Isso vai impedir que a quebra aumente, mas o que já foi perdido não tem como recuperar – afirmou o chefe do escritório local da Emater, Diomar Formenton.
No município, a estimativa de prejuízo é de 30% nas lavouras de soja. Mesmo tendo perdido toda a plantação de milho, o agricultor José Paulo de Almeida, 56 anos, conseguiu se alegrar com a chuva que atingiu sua lavoura, na localidade de Restinga Seca, em Santo Ângelo. Ele tem esperança de salvar parte de seus quatro hectares de soja.
– É bonito ver que está chovendo. Parece que está tudo verdejando de novo – disse o produtor.
Especialistas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desconhecem a causa da seca no Estado, mas advertem que há risco de as chuvas ficarem abaixo da média até maio.
– Ainda estamos buscando um culpado para a estiagem. Se houvesse um fenômeno como o El Niño ou La Niña atuando seria mais fácil, pois ele assumiria a responsabilidade, mas não há nada ocorrendo. Provavelmente é uma soma de fatores – analisou o meteorologista Christopher Alexander Cunningham, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Inpe.
Sem explicações de origem, os pesquisadores se debruçam sobre a análise da conjuntura climática para tentar compreender o que mantém o clima seco. O chefe do Centro de Análise e Previsão do Tempo do Inmet, Francisco Diniz, afirma que, desde a segunda quinzena de dezembro, houve uma mudança na circulação dos ventos sobre a América do Sul que determinou a condição mais seca. A nova configuração faz com que frentes frias passem pelo Estado, estacionando no Sudeste.
A análise de satélites indica uma baixa de umidade nos próximos três meses.
– O pior já passou, mas as chuvas encontram-se abaixo do padrão histórico, e devem permanecer assim até maio – afirmou.
Em Porto Alegre, choveu menos da metade do previsto para janeiro. Enquanto isso, no Nordeste semi-árido do país, a chuva ficou 300 milímetros acima da média.
As informações são do jornal Zero Hora e da Rádio Gaúcha.
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