| 28/03/2008 23h03min
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, respondeu à denúncia de que uma assessora dela seria a responsável por um dossiê sobre gastos pessoais do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, segundo informações do Jornal Nacional.
Erenice Guerra, braço direito de Dilma, montou o dossiê, afirmou a Folha de São Paulo. Segundo o jornal, a secretária-executiva da Casa Civil ordenou o levantamento de gastos de FH e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso.
A denúncia do dossiê saiu na Revista Veja. Segundo a reportagem, o objetivo era constranger o PSDB na CPI dos cartões corporativos.
A ministra da Casa Civil negou que o governo tenha feito dossiê, mas admitiu que os dados foram retirados de um sistema do governo e mandou abrir sindicância para apurar responsabilidade sobre o vazamento.
Em viagem ao Nordeste e também em nota oficial, Dilma voltou a negar a existência de
dossiê. Confirmou que a Casa Civil se antecipou na coleta de dados que podem ser pedidos
pela CPI e pelo Tribunal de Contas da União:
— Há uma afirmação por parte do jornal de que nós fizemos um dossiê. Nós insistimos que não foi um dossiê. Nós fizemos um banco de dados fundamental, porque um arquivo morto é composto de pastas empilhadas, o que foi feito foi um banco de dados. É óbvio que a parte administrativa da Casa Civil é dirigida pela doutora Erenice e o que ela afirmou na matéria é a mesma coisa que estamos falando desde a (reportagem da Revista) Veja: nós fizemos um banco de dados e vamos encerrar essa discussão. Nós dissemos que é um banco de dados, provem que não é um banco de dados, provem, não fiquem assacando contra o nada.
Ex-ministro de FH, o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), pediu que a Polícia Federal investigue o vazamento de informações:
— Não existe sigilo quando você tem dinheiro público, que é de todos e o conhecimento tem que ser de todos ou de ninguém. Agora, você não pode utilizar o dado para
chantagear, para interditar, para
amedrontar. |Isto não é democracia, isto é estado policial.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, descartou nesta manhã a possibilidade de investigação:
— É debate político-institucional entre oposição e governo. O Ministério da Justiça e a Polícia Federal nada têm a ver com isso e não vão ser instrumentalizados pela luta política.
Mais tarde, o diretor-geral da Polícia Federal, Luís Fernando Correa, disse, por meio de sua assessoria, que, uma vez provocada, a polícia poderá abrir inquérito.
O vazamento das informações sobre os gastos de FH provocou um clima de tensão dentro do governo. O Palácio do Planalto reconhece que duas irregularidades têm que ser investigadas: a manipulação dos dados sigilosos e o envolvimento de um funcionário no vazamento. O Planalto alega também que o vazamento pode ter tido o objetivo de atingir a ministra Dilma, apontada como possível candidata à sucessão de Lula em 2010.
FH
voltou a pedir a quebra de sigilo dos gastos:
—
Estou cansado dessa falta de compostura no trato da coisa pública. Se for verdade que a assessora preparou, ela é responsável primeiro por ter preparado sem ordem, porque a ministra Dilma não deve ter mandado preparar nada contra mim. Tem que demitir.
O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, inocentou o governo e condenou o vazamento de informações:
— Não existe dossiê. Isso é uma coisa criada por algumas pessoas, um ato criminoso. O que o governo tem como guardião são informações. Não é o governo Lula, é a instituição governo que tem a documentação, que está á disposição da CPI, da Justiça.
Em nota, a ex-primeira-dama Ruth Cardoso afirmou que nunca o dinheiro público foi utilizado em benefício próprio, que as despesas eram abertas e que todas as contas já foram aprovadas pelos órgãos competentes.
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