A ordem para a organização de um dossiê com todas as despesas realizadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sua mulher Ruth e ministros da gestão tucana a partir de 1998 teria partido da secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, braço direito da ministra Dilma Rousseff. No site da Presidência da República, ela consta como interina da pasta. É o que revela reportagem desta sexta-feira do jornal Folha de S.Paulo.

Segundo a reportagem, o banco de dados montado a pedido de Erenice é paralelo ao Sistema de Controle de Suprimento de Fundos (Suprim), o sistema oficial de controle de despesas com suprimentos de fundos do governo.

O governo federal nega tem montado um dossiê para intimidar a oposição na CPI dos Cartões. Mas Erenice teria se responsabilizado pela decisão de organizar processos de despesas de FH, eximindo Dilma de participação no caso.

Quando o levantamento começou a ser preparado, o Congresso discutia o foco da investigação dos gastos com cartões corporativos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os governistas então conseguiram aprovar a investigação também na gestão tucana.

Parte do material está guardado no arquivo morto, num dos prédios anexos do Planalto. Um dos relatórios produzidos na Casa Civil, ao qual o jornal teve acesso, mostra que os dados foram organizados de forma diversa do Suprim, que tem os registros dos gastos do período Lula.

Com 13 páginas, o documento registra detalhes, fora da ordem cronológica, de diversos gastos, com ênfase nos feitos pela ex-primeira-dama Ruth e naqueles que envolvem bebidas e itens como lixas de unha.

Em fevereiro, Erenice teria solicitado funcionários de outras áreas para que se criasse uma força-tarefa encarregada de desarquivar documentos referentes aos gastos do governo anterior a partir da rubrica suprimento de fundos, que inclui cartões corporativos e contas tipo B (despesa justificada por nota depois de o servidor receber uma determinada verba).

Por meio de sua assessoria, Erenice negou que tivesse se reunido com secretários de Controle Interno e da Secretaria de Administração e Diretoria de Logística, "para discutir qualquer tipo de assunto referente a levantamento de dados de suprimento de fundos". Mas confirmou que a Casa Civil está alimentando banco de dados com informações do suprimento de fundos entre 1998 e 2002.