| 22/12/2002 18h58min
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse neste domingo, dia 22, que seu governo está conseguindo superar a greve de que atingiu o fornecimento de gasolina e de alimentos às vésperar do Natal, mas os grevistas afirmaram que a paralisação da indústria de petróleo, vital para o país, continua firme.
A greve, que completará três semanas na segunda, dia 23, transformou-se em uma batalha de resistência entre o líder esquerdista e seus opositores, que exigem sua renúncia e eleições antecipadas no país, que é o quinto maior produtor de petróleo do mundo.
Os venezuelanos, acostumados à gasolina barata, que custa menos do que água mineral, estão prestes a enfrentar um Natal sem combustível e sem alguns itens de alimentação. Em Caracas, muitos cinemas e shopping centers ficaram fechados e o trânsito, normalmente intenso, ficou calmo.
As tentativas do governo de acabar com a greve receberam um pequeno reforço no sábado, quando forças militares finalmente conseguiram fazer com que um petroleiro carregado de gasolina aportasse no Lago Maracaibo. O capitão e a tripulação do petroleiro Pilin Leon haviam aderido à greve no início do mês, dando início à paralisação completa da frota estatal de petroleiros e dos carregamentos nos portos de exportação.
Chávez disse que as Forças Armadas estão atuando para resolver a escassez de gasolina e alimento e que estão cuidando do cumprimento de uma determinação temporária da Corte Suprema na semana passada, que ordenou a retomada das atividades na estatal petrolífera PDVSA.
– Deus está conosco. Estamos vencendo a batalha – declarou Chávez.
Mas os líderes grevistas consideraram a retomada do Pilin Leon como um sucesso governamental de pouca importância e informaram que a maior parte dos poços de petróleo, refinarias e terminais portuários por todo o país continuavam paralisados.
– Não há exportação – disse Juan Fernandez, um dos líderes da paralisação na PDVSA.
O presidente populista, que sobreviveu a um breve golpe de Estado em abril, recusa-se a renunciar e enviou tropas para tomar os navios petroleiros, as refinarias e os portos dominados por grevistas. Ele acusa a oposição de tentar derrubá-lo mais uma vez, usando a greve.
Opositores de Cháves iniciaram a greve geral no dia 2 de dezembro como parte de uma campanha de paralisações e protestos com o objetivo de derrubar o presidente, a quem acusam de conduzir a Venezuela a um regime comunista, nos moldes do cubano.
Chávez diz que sua "revolução" em estilo próprio, que inclui empréstimos a juros baixos e doações de terra, destina-se a auxiliar os venezuelanos pobres que são a maioria da população de 23 milhões de pessoas. Ele mantém um grande apoio entre os desfavorecidos, apesar de sua popularidade geral ter decaído muito.
Juntamente com o temor de guerra dos EUA contra o Iraque, a situação na Venezuela contribuiu para que o preço do barril do petróleo ultrapassasse US$ 30 dólares. A Venezuela é responsável por mais de 13% das importações de petróleo dos Estados Unidos.
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