| 21/12/2002 17h12min
A gigante estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) já perdeu mais de US$ 1 bilhão com a greve que já dura 20 dias, segundo o presidente da empresa, Alí Rodríguez. A paralisação bloqueou quase todas as exportações de petróleo e derivados, disse o presidente.
Quinto maior exportador mundial de petróleo, a Venezuela tem recebido um duro golpe no coração de sua economia. A PDVSA deixou de vender ao exterior cerca de 2,7 milhões de barris ao dia, o que representa 80% de suas exportações. A empresa também deixou de produzir 90% de sua média de 3 milhões de barris diários que abastecem o mercado local e seu maior cliente, os Estados Unidos. Além disso, a empresa reduziu atividades de refino.
Boa parte dos 40 mil trabalhadores da PDVSA se uniu a uma "greve cívica nacional", que começou em 2 de dezembro. A greve geral, com apoio de empresários, sindicalistas, políticos, grupos civis e meios de comunicação, tem como objetivo a renúncia do presidente do país, Hugo Chávez, e a convocação de eleições antecipadas. O mandatário diz que não renuncia, qualifica o movimento como um fracasso e afirma que a paralisação dos petroleiros é uma sabotagem cuja finalidade é tirá-lo do poder, como tentaram líderes da oposição e um grupo de militares em abril.
A greve também causou o desabastecimento de combustível e de alguns alimentos essenciais. Enquanto isso, simpatizantes da oposição e do governo têm tomado diariamente as ruas de inúmeras cidades do país para protestar contra a facção inimiga, seja com marchas ou concentrações.
Neste sábado, 21 de dezembro, os adversários de Chávez se concentraram em Caracas em apoio a uma corporação policial da capital. A polícia metropolitana, cujo controle foi tomado de um prefeito opositor pelo governo faz mais de um mês e esta semana uma ordem judicial lhe restituiu algumas funções.
O governo, a fim de acabar com a greve petroleira, ordenou a militarização da PDVSA e autorizou a contratação de empresas privadas para o transporte do petróleo. A medida, acompanhada de uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça do país, que ordena os petroleiros a retornar aos seus postos, têm sido desafiadas pelos grevistas. Na madrugada deste sábado, foram abordados por tropas federais os navios-tanque Pilín Leon e Susana Djuin. Segundo alguns capitães dissidentes, a operação é ilegal e altamente perigosa, principalmente no primeiro navio, que está carregado com 44 milhões de litros de gasolina. A PDVSA conseguiu carregar e despachar alguns navios petroleiros, apesar de que ainda há mais de 40 deles ancorados nas costas venezuelanas à espera de ordens de carga, uma vez que os estivadores se juntaram aos grevistas.
As informações são da agência Reuters.
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